Características da hidrografia, circulação e transporte de sal: Barra de Cananéia, Sul do Mar de Cananéia e Baía do Trapandé
2004-12-07
Resumo: Este trabalho tem como objetivos estudar a variabilidade das propriedades hidrográficas e da circulação durante ciclos completos de maré, classificar o sistema estuarino com o diagrama estratificação-circulação de Hansen & Rattray, calcular o transporte resultante de sal e a contribuição relativa dos termos advectivos, de difusão turbulenta e a parcela dispersiva, e estudar a influência das alterações ocorridas na descarga fluvial. Medidas de temperatura, salinidade e correntes foram realizadas no verão, outono, inverno e primavera, durante marés de sizígia e quadratura. Os perfis hidrográficos foram executados em intervalos horários durante ciclos completos de maré (13 horas), em três estações fixas (Barra de Cananéia, Baía do Trapandé e sul do Mar de Cananéia). A descarga fluvial média foi estimada através de dados climatológicos históricos da região.
Os resultados sugerem mudanças no comportamento hidrodinâmico do sistema após a abertura do canal Valo Grande, com intensificação das correntes e aumento na estratificação vertical da salinidade. O aporte fluvial foi mais intenso (uma ordem de grandeza) que o obtido antes do rompimento da barragem do Valo Grande. As defasagens encontradas entre oscilações e correntes de maré, nas três estações fixas, indicam que a onda de maré se propaga pelo sistema como onda mista. A estação da Barra de Cananéia apresentou os maiores valores médios de salinidade e correntes mais intensas, sendo o oposto para a Baía do Trapandé, sugerindo que as trocas entre as águas oriundas da drenagem continental e da região costeira adjacente são mais efetivas pelo canal do Mar de Cananéia.
O transporte de sal foi dominado principalmente pela parcela gerada pela descarga fluvial, seguida (com uma ordem de grandeza menor) pelas parcelas geradas pelo deslocamento da onda de maré (marés de sizígia) ou pela circulação gravitacional (marés de quadratura). As demais parcelas apresentam valores máximos inferiores a duas ordens de grandeza em relação à parcela dominante. A classificação do sistema estuarino-lagunar apresentou variações nas escalas de tempo quinzenal e sazonal, sendo sistema classificado como Tipo 2b no verão e Tipo 2a no inverno, ambos em maré de sizígia. No outono e primavera, o sistema foi classificado como Tipo 2b em marés de sizígia e Tipo 2a em marés de quadratura.
Instituição: Universidade de São Paulo (USP).
Autor: Alessandro Luvizon Bergamo.
Contato: e-mail luvizon@io.usp.br