Vento compõe cenário de seca no Guaíba
2004-12-03
O Guaíba chegou ontem (02/12) a ter metade do nível registrado normalmente, mas não é falta de água. O vento é que mudou a paisagem. A régua da Superintendência de Portos e Hidrovias (SPH), nas imediações do Parque Maurício Sirotsky Sobrinho, apontou uma queda de 73 para 39 centímetros em 24 horas. O nível normal, para esta época, é de 84 centímetros. A queda rápida revelou uma larga faixa de areia perto do parque.
A marca de ontem significa 39 centímetros acima do ponto zero. Na régua usada para a medição, foi estipulado como zero o mínimo a que o Guaíba já chegou para navegação (5m18cm). No pico da estiagem deste ano, em abril, chegou perto do ponto zero.
A Central de Meteorologia descarta qualquer estiagem entre as causas da baixa do nível registrado pela SPH. Pelo contrário, a chuva no Estado e na Região Metropolitana ficou um pouco acima da média do mês de novembro. E o Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) garante que não há problema na captação para abastecer a Capital. A diretora da Divisão de Pesquisa do Dmae, Joséni Facchin, afirma que os últimos dados mostram níveis adequados.
Paulo Ademir Ribeiro, 54 anos, tem a tarefa diária de conferir o nível do Guaíba. Morando e trabalhando em um estaleiro na Ilha da Pintada, manda as informações para a Defesa Civil de Porto Alegre. Ontem, testemunhou um nível de 22 centímetros na régua de três metros, quando o normal é 80.
– Quando sopra esse vento, sempre baixa. Ele empurra a água, como quando a gente inclina uma bacia. Pelo que senti, amanhã (hoje) vai dar menos ainda - prevê o auxiliar administrativo. (ZH, 47)