Proposta de despoluição de rio em Nova York continua gerando polêmica
2004-12-03
E. San Martin (Nova York)
O estado de Nova York exigiu que a Honeywell International espontaneamente despolua o lago Onondaga, em Syracuse. O lago, que fica na reserva indígena das tribos Onondagas, tem 6,5 km de extensão por 1,5 km de largura, sendo considerado um dos aquíferos mais poluídos dos Estados Unidos. Sua limpeza requererá a retirada de 80 toneladas de mercúrio, entre outros agentes tóxicos, mas os diferentes métodos e propostas para a despoluição do Onondaga estão provocando grande polêmica, com um grande debate público previsto para março de 2005. A Honeywell não é a responsável direta pela poluição do lago, mas passou a responder pela sua limpeza em 1999, quando adquiriu a Allied Chemical, que manteve uma unidade industrial à beira do lago até 1988. Desde então, a despoluição do aqüífero vem sendo negociada extra judicialmente. Em 1994, o Onondaga passou a encabeçar a lista dos depósitos de lixo tóxico do Superfund, o fundo federal dos EUA para remediacao de passivos.
A proposta dos controladores ambientais do estado de Nova York requer a dragagem do fundo do lago, com a remoção de 2, 5 milhões de m3 do lodo contaminado, em sedimentações a até 10 metros de profundidade. As partes do lago de mais difícil acesso seriam apenas cobertas com areia e cascalho. Este projeto teria um custo previsto em US$ 448 milhões. A própria Honeywell International apresentou uma contraproposta menos ambiciosa, prevendo a remoção de apenas 500 mil m3 do fundo do lago e cobrindo o resto, a um custo de US$ 237 milhões.
Nenhuma destas propostas, entretanto, é aceita pelos caciques das 14 nações Onondagas, que há séculos vivem ao redor do lago, o qual tratam como santuário. Os índios, através do advogado Joseph Heath, exigem maior participação no processo, a fim de preservar a integridade dos locais que consideram sagrados. Também consideram as propostas insuficientes. A principal objeção dos índios é contra a recapagem com areia e cascalho de partes poluídas do Onondaga, que equiparam a cobrir o lixo tóxico com um band aid. A dragagem de todos os 2.300 acres do fundo lago, entretanto, é considerada economicamente inviável, pois custaria mais de US$ 2 bilhões, de acordo com estimativas do Department of Environmental Conservation.