Vida selvagem é grande derrotada no conflito entre Ruanda e Congo
2004-12-03
Se Ruanda invadir a vizinha República Democrática do Congo de novo, já se conhece pelo menos um grande derrotado no conflito: o meio ambiente. Um ministro congolês disse nesta terça-feira (30/11)que tropas de Ruanda haviam entrado no país, atacando e incendiando vilarejos próximos à fronteira. A úmida região tropical na fronteira entre os dois países abriga uma grande variedade de animais selvagens, incluindo os majestosos gorilas da montanha e seus parentes da planície, ameaçados de extinção.
As guerras do passado na região já afetaram bastante a vida selvagem. Ruanda invadiu o Congo duas vezes nos últimos oito anos, perseguindo rebeldes hutu, os quais responsabiliza pelo genocídio no país, em 1994. — Em 1996 estimamos que houvesse 17 mil gorilas-das-planícies-orientais na região - disse Ian Redmond, consultor-chefe do Projeto para a Sobrevivência dos Grandes Macacos (Grasp), da ONU. — Hoje tememos que esse número seja algo entre 3.000 e 5.000, exatamente por causa da guerra - acrescentou.
Na semana passada, Ruanda ameaçou várias vezes enviar soldados para o Congo por causa dos rebeldes hutus. Nesta terça-feira, o presidente de Ruanda, Paul Kagame, disse que seu país já havia iniciado o ataque planejado contra os rebeldes congoleses. Na África, os exércitos - sejam os estatais ou forças rebeldes improvisadas - têm que se virar para sobreviver, o que normalmente é ruim para a vida selvagem. Os conflitos também podem forçar os civis a entrar na mata, onde não resta muita escolha senão caçar animais selvagens para comer. (O Globo 01/12)