Responsáveis pela explosão de Bophal não se apresentaram à Justiça
2004-12-03
A Justiça indiana tentou, frustradamente, o julgamento dos responsaveis pela explosão na Union Carbide, em dezembro de 1984, mas eles fugiram do país. Em 1991, auma corte judicial indiana ordenou que executivos da empresa, incluindo Warren Anderson, o principal deles, enfrentassem julgamento criminal. Mas ninguém se apresentou à Justiça, e a Suprema Corte declarou-os como fugitivos, pressionando para sua extradição. Contudo, em setembro de 2004, sem explicação, o Departamento de Estado Norte-americano negou o pedido de extradição. E os sobreviventes de Bophal, mesmo sem fôlego, nunca pararam de pressionar por seus direitos de responsabilização dos envolvidos no acidente, nem de pedir compensação médica e econômica. Em abril último, a costureira Bee e uma outra vítima da tragédia, seu vizinho Shukla, receberam o Prêmio Goldman, o maior reconhecimento ambiental dado pelos Estados Unidos. E, nesta semana, a Anistia Internacional endossou as demandas dos ativistas de Bophal lançando o relatório Nuvens de Injustiça, a primeira campanha corporativa que alega a violação dos direitos humanos no ocorrido, assim como danos à saúde ambiental. O documento estima que 7 mil a 10 mil pessoas tenham morrido devido ao desastre e que 15 mil morreram depois, em conseqüência da contaminação ambiental. Outras 100 mil pessoas continuam a ter problemas crônicos de saúde, especialmente disfunções pulmonares, problemas nos olhos e no sangue. A nova geração de Bophal, enquanto isto, enfrenta uma epidemia de infertilidade e de nascimentos de crianças defeituosas, com feições grotescas, como faces com a ausência de palatos e dedos crescendo a partir de ombros, em razão da contaminação subterrânea. (Alternet 2/12)