Vinte anos depois, acidente de Bophal ainda é lembrado por vítimas
2004-12-03
A indiana Rashida Bee tinha 28 anos em 3 de dezembro de 1984 e já estava casada desde os 13. Ela trabalhava como costureira, vivendo em Bophal, juntamente com sua numerosa família, de 37 pessoas no total. A noite trágica aconteceu num Domingo, poucas horas depois da meia-noite, quando se iniciava o dia 3 de dezembro. Bee foi acordada pelo som de tosses violentas, e ele vinha do quarto das crianças. –Elas disseram que pareciam estar em choque, como nós, adultos, estávamos sentindo também. Uma das crianças abriu a porta, e entrou uma nuvem para dentro de casa. Todos começamos a tossir violentamente, e sentíamos como se nossos pulmões estivessem se incendiando, lembra. Muitas pessoas começaram a correr desesperadamente para tentar salvar suas vidas ao perceber que o problema vinha de uma explosão na fábrica vizinha da Union Carbide, de onde saíam nuvens tóxicas. A explosão liberou 27 toneladas de metil-isocianato, gás que logo tomou conta da cidade, deixando mães em pânico na tentativa de salvarem as vidas de seus filhos. Na confusão, muitas pessoas foram separadas de suas famílias e mal conseguiam manter os olhos abertos, por causa da toxicidade do ar. A cena era apocalíptica: muitas pessoas simplesmente morreram estendidas nas ruas da cidade. Mas o mais extraordinário fato é que ninguém enfrentou julgamento pelo que aconteceu naquela madrugada, e mesmo especialistas da Union Carbide haviam, dois anos antes, advertido sobre sérios problemas da liberação de grande quantidade de material tóxico pela indústria. (Alternet 02/12)