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2004-12-02
Ambientalistas e entidades civis continuam mobilizadas contra o corte de vegetação nativa na área a ser inundada pela usina hidrelétrica de Barra Grande. Esta semana eles iniciaram uma campanha de abaixo assinado pela internet contra o empreendimento. A campanha é a primeira ação do grupo formado dia 24/11, denominado Movimento Contra as Mega-hidrelétricas da Bacia do Rio Uruguai. Composto por estudantes da Universidade Federal do RS (UFRGS), professores e ONGs, como Amigos da Terra-RS, Curicaca, UPAN, o grupo defende a criação do Corredor Ecológico do Rio Uruguai.

— Barra Grande irá inundar cerca de 90 km2, em um trecho de mais de 100 km do rio Pelotas, nascente do rio Uruguai, em um vale riquíssimo em biodiversidade onde ainda é encontrada a maioria das espécies ameaçadas do Planalto do Rio Grande do Sul, destacando-se o puma, a jaguatirica, o tamanduá, o porco-do-mato, entre outras, diz a carta a ser encaminhada ao presidente da República, juntamente com as assinaturas coletadas. — Tal condição ambiental privilegiada, inclusive reconhecida como área prioritária para a conservação pelo IBAMA, decorre de um fato simples : o relevo íngreme do vale do rio não permite a agricultura mecanizada. Somente pequenas propriedades estão instaladas ali, sem maior impacto do que o planalto onde a soja, o trigo e mais recentemente o pinus vão descaracterizando a paisagem e comprometendo biodiversidade e a qualidade de vida da maior parte da região. Não existe área equivalente. Algumas espécies vegetais anfíbias, ameaçadas de extinção, são endêmicas das rochas das corredeiras e margens do rio Pelotas.

— A intenção é registrar a nossa inconformidade com a situação, diz o professor Paulo Brack, do Departamento de Botânica do Instituto de Biociências da UFRGS, e membro da Coordenação do Movimento. A inconformidade de que ele fala diz respeito à decisão do desembargador Vladimir Passos de Freitas, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região de Santa Catarina, suspendendo a liminar que impedia o desmatamento da área que será inundada pela represa. O magistrado sustentou sua decisão no argumento de que a obra já implicou gastos públicos de monta e seu funcionamento se revela indispensável ao desenvolvimento da ordem econômica, sendo o prejuízo ambiental inevitável. — Isto é uma inverdade, garante o professor Back.

Além do abaixo assinado, as ONGs irão entregar sexta-feira (03/12) na Secretaria do Meio Ambiente do RS, um documento com dados a respeito da disputa, ao mesmo tempo em que pretendem cobrar uma posicão do órgão. Maiores informações podem ser obtidas nos seguintes sites: www.apremavi.com.br ; www.feec.com.br ; www.ecoagencia.com.br

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