Países amazônicos discutem contaminação por mercúrio
2004-12-01
A utilização indiscriminada do mercúrio é um dos mais graves problemas para o meio ambiente e para a saúde humana na bacia Amazônica. Para estudar soluções conjuntas para a questão, o Ministério do Meio Ambiente e a Secretaria Permanente da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), promovem de 1º a 3 de dezembro, no Rio de Janeiro, a I º Reunião para a Cooperação Regional sobre Contaminação de Mercúrio na Bacia Amazônica. O encontro, que será realizado no hotel Ceasar Park, tem apoio do Programa Regional de Meio Ambiente dos EUA.
O principal objetivo da reunião é conhecer o problema da contaminação por mercúrio nos países membros da OTCA. Serão relatadas, ainda, as medidas que estão sendo adotadas para mitigação dos impactos ambientais e as tecnologias e experiências existentes para essas ações. Um outro objetivo é a elaboração de estratégias de cooperação para a elaboração e implementação de programas de controle da contaminação por mercúrio na Bacia Amazônica.
O Brasil tem grande interesse na discussão do problema, pois a Bacia Amazônica brasileira recebe as águas dos demais países, o que significa que pode estar recebendo contaminantes de outras regiões. O país é parte interessada inclusive na evolução das discussões internacionais sobre mercúrio, desenvolvidas pelo PNUMA, com o objetivo de contribuir para as discussões e o encaminhamento de medidas que permitam um controle global do mercúrio e uma maior cooperação entre os países.
O mercúrio é um metal pesado de ocorrência natural no meio ambiente e tem sido utilizado na amalgamação do ouro e em setores industriais, como na produção de cloro, soda, lâmpadas fluorescentes e termômetros. Na Amazônia, o mercúrio é utilizado em garimpos de forma indiscriminada e sem critérios técnicos, contaminando rios e solos. O mercúrio pode contaminar o homem de duas formas: a primeira é pelo contato direto na exploração de minérios e na indústria. O garimpo do ouro é uma das atividades que mais expõem o trabalhador, pois o mercúrio (Hg) é inalado quando ocorre a queima da amálgama (separação do ouro do metal). A segunda forma é a contaminação ambiental, provocada pela alimentação, mais freqüentemente pela ingestão de peixes de água doce e salgada e afeta diretamente a corrente sangüínea, causando problemas no sistema nervoso central.
Segundo o Instituto de Química da Universidade de Brasília, que monitora os níveis de mercúrio na água, terra, atmosfera e alimentos nas populações ribeirinhas da Amazônia, cerca de três mil toneladas de mercúrio utilizados em garimpo na Amazônia nos últimos 20 anos foram despejados diretamente no meio ambiente. Os estudos apontam que os teores de mercúrio na população da região chegam a ser cinco vezes maiores que o normal. (MMA, 30/11)