Pesquisadores da Unesp desenvolvem detergente biológico para limpar petróleo
2004-12-01
Um detergente biológico que pode ser utilizado na recuperação de solos contaminados por derramamento de petróleo. A substância, desenvolvida no Instituto de Biociências da Unesp - Universidade Estadual Paulista, em Rio Claro, é um biosurfactante que se mostrou capaz de remover o óleo negro de amostras de areia. O processo de desenvolvimento do produto envolve a utilização de resíduos de óleos vegetais da indústria, como de soja, de milho, de babaçu e de algodão. Tais resíduos servem como meio de cultivo para a Pseudomonas aeruginosa, bactéria responsável pela produção do biosurfactante. — A bactéria precisa de fontes de carbono para sobreviver. Quando ela está em contato com os resíduos de óleos vegetais, a Pseudomonas adquire o carbono necessário e, ao mesmo tempo, produz o biosurfactante, explicou o coordenador da pesquisa, Jonas Contiero. Durante os experimentos, desenvolvidos no Laboratório de Microbiologia Industrial em parceria com a cientista Marcia Mitschke, também do IB, uma amostra de areia foi misturada com petróleo. Em seguida, adicionou-se o detergente biológico na mistura para que a reação fosse observada. — Depois de duas aplicações do biosurfactante, um composto biodegradável e não tóxico, a areia ficou praticamente idêntica à original e todo o petróleo foi recuperado, disse Contiero. Ele acredita que o biosurfactante pode ser utilizado ainda como agente de biorremediação de solos e águas contaminadas, e no combate a poluentes como querosene, gasolina e óleo diesel. Além disso, segundo Contiero, o detergente pode auxiliar no processo de extração de petróleo. — Se de um poço, por exemplo, não for possível extrair a quantidade desejada de petróleo, basta jogar cultura da bactéria Pseudomonas aeruginosa no local para que ela produza o biosurfactante e facilite a retirada do óleo bruto aderido na rocha, disse o pesquisador. — O composto diminui a tensão superficial, fazendo com que o petróleo aflore com mais facilidade. (Agência Fapesp 29/11)