Texas desenvolve tecnologia para enterrar dióxido de carbono
2004-12-01
E. San Martin (Nova York)
Cientistas da Universidade do Texas desenvolveram uma nova tecnologia para eliminar dióxido de carbono da atmosfera, injetando-o na terra, pelo reaproveitamento de reservatórios de água salobra remanscentes de poços de petróleo desativados. Mais de 1.600 toneladas do principal poluente causador do efeito estufa foram bombeados para depósitos de água salobra a 1,5 km abaixo da superfície nos campos petrolíferos de South Liberty, próximo a Dayton, uma das cidades mais atingidas pela poluição do ar pela queima de combustível decorrente da extração de petróleo.
Nova velha tecnologia
O nova tecnologia foi desenvolvida a partir da injeção de gás carbônico em poços de petróleo já realizada desde a década de 70. Até agora, entretanto, o gás voltava à atmosfera, depois de acelerar a extração do óleo bruto subterrâneo. O aumento da produtividade é tão considerável, que Kinder Morgan, uma companhia energética texana construiu uma rede de canalização com mais 1.500 km de extensão, pela qual passam, diariamente, 300 milhões de metros cúbicos de gás carbônico, utilizados em poços de petróleo do Colorado e do Texas.
Cemitério da poluição
O Golfo do México é tido como ideal para o sequestro de carbono, segundo técnicos da Universidade do Texas em Houston. Além de dispor de infraestrutura básica, a região é quinta maior produtora de petróleo do mundo, contando com muitos pontos de prospecção em declínio ou processo de desativação e grande concentração de poluidores, como refinarias e indústrias petro-químicas. O mais importante, entretanto, é a sua formação geológica. Constituída de rochas porosas até o estado do Colorado, com capacidade de absorção de 300 bilhões de toneladas do gás poluente. — Isto representa quase mil anos de poluição na região, segundo um portavoz da British Petroleum, que participa da iniciativa da Universidade do Texas.
Técnica incerta
O sucesso desta primeira experiência de sequestro de carbono vem despertando grande interesse científico internacional, principalmente entre os países signatários do Protocolo de Kyoto comprometidos com a redução de gases causadores do aquecimento global. Os pesquisadores, por outro lado, salientam que ainda será preciso o desenvolvimento de novos métodos de captação, engarrafamento e transporte do dióxido de carbono até os reservatórios subterrâneos.