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2004-11-30
Cientistas concluíram que não há indícios de que a plantação de transgênicos prejudique o meio ambiente, num dos maiores estudos sobre o assunto já realizados na Grã-Bretanha. O estudo foi conduzido pelo projeto Bright (sigla em inglês para Implicações Rotativas e Botânicas da Tolerância a Herbicidas Geneticamente Modificados), iniciado em 1999. Os cientistas examinaram variedades de beterraba e de canola que haviam sido manipuladas para suportarem o uso de determinados herbicidas. O objetivo do projeto era simular a atividade agrícola e avaliar como transgênicos agem quando plantados num sistema de rotação de culturas com intervalos de quatro anos.

Vantagens
As plantações transgênicas foram comparadas com cereais sem manipulação genética. Segundo os pesquisadores, usadas nesse sistema de rotação, elas não exauriram o solo das sementes necessárias para pássaros e vida selvagem. — O que nós mostramos é que no caso dessas duas plantações, há formas de manejá-las que são bastante práticas, afirmou o coordenador do estudo Jeremy Sweet. — Parece haver algumas vantagens de administração, com a flexibilidade do uso de herbicidas; poderia haver vantagens de custo, dependendo do preço dos herbicidas e das sementes. — Portanto realmente parece haver uma série de razões pelas quais agricultores podem se interessar em cultivar essas plantações (transgênicas), concluiu Sweet.

Improvável a curto prazo
A introdução de transgênicos na Grã-Bretanha, porém, parece improvável no curto prazo. No início deste ano, outro grande estudo sobre transgênicos, realizado pela empresa Farm-Scale Evaluations (FSE), concluiu que duas variedades de legumes geneticamente modificados eram mais nocivas à biodiversidade do que as variedades normais. Por outro lado, o mesmo estudo revelou que o milho transgênico parecia ser melhor para o meio ambiente do que o normal. Após a divulgação dos resultados da FSE, a ministra do Meio Ambiente da Grã-Bretanha, Margaret Beckett, anunciou que as empresas que queiram trazer transgênicos para o país terão de passar por um longo processo até conseguirem uma aprovação. Agora, o estudo do Bright deve ajudar companhias de biotecnologias e defensores dos transgênicos no seu argumento de que esses produtos não devem ser banidos do mercado.

Amigos da Terra
A União Européia já indicou que cada país deverá decidir se permite ou não transgênicos com base em pesquisas científicas. No entanto, uma cientista especializada em agricultura da organização ambientalista Friends of the Earth (Amigos da Terra, no Brasil), Emily Diamand, mostrou-se cética em relação ao método usado pelos cientistas do Bright. Diamand questionou se os pesquisadores realmente simularam a prática agrícola normal. — O estudo foi feito em centros de pesquisa agrícola, e agricultores de verdade nunca fazem as coisas da mesma forma como elas são feitas nas estações de pesquisa. Para a cientista e ambientalista, os resultados são tão úteis quanto as perguntas que o estudo coloca. — Há tantas outras coisas a serem consideradas com as plantações genéticas, como o efeito sobre o solo, a transgerência de genes para outras plantas e o impacto social e na saúde das pessoas. Já um porta-voz do governo britânico qualificou o estudo do Bright de pesquisa valiosa e disse que vai pedir ao painel consultor do governo para transgênicos avaliar os resultados. Mais da metade dos britânicos que participaram de uma pesquisa de opinião sobre o assunto no ano passado disse que os transgênicos não deveriam ser introduzidos no país sob circunstância alguma. (BBC 29/11)

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