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2004-11-30
O Greenpeace exibiu ontem (29/11), durante coletiva à imprensa em Manaus, fotos de balsas carregadas de toras e pátios abarrotados de madeira nobre na recém-criada reserva extrativista Verde Para Sempre, em Porto de Moz, no Pará. A organização ambientalista mostrou ainda imagens em vídeo de grandes áreas de desmatamento ilegal recente na Terra do Meio e na região da BR-163, que demonstram que a falta de ação consistente do governo federal está resultando em verdadeira corrida pela destruição da Amazônia.

Internacional Madeiras
Durante sobrevôo na quinta-feira (25/11), ativistas do Greenpeace documentaram intensa atividade na floresta e várias balsas carregadas de madeira descendo os rios na área da reserva Verde para Sempre. Entre as empresas flagradas está a Internacional Madeiras. No início de dezembro do ano passado, ela foi multada em R$ 603.000 por exploração irregular de madeira, teve 14.900 m3 de toras de madeira apreendidos e seu plano de manejo em Porto de Moz foi embargado durante a Operação Porto de Moz, realizada pelo Ibama, Polícia Federal e Exército. A punição não impediu a empresa de continuar a operar ilegalmente, se beneficiando da ausência de agentes do governo na área desde que a operação foi encerrada, no final do ano passado. O pátio da empresa está lotado de toras.

Desmatamento aumenta 35%
Imagens de satélite processadas pelo Greenpeace mostram que o desmatamento na Terra do Meio em 2004 aumentou 35% em relação a 2003 e já chega a 70 mil hectares. Nos últimos três anos, o total destruído na região (176 mil ha) é maior do que todo o desmatamento acumulado até 2001. As fotos e imagens de vídeo da Terra do Meio mostram grandes desmatamentos em áreas de floresta pública destinadas a se tornarem unidades de conservação, como consta do Plano de Combate ao Desmatamento lançado com pompa e circunstância pelo governo Lula no início do ano. Já a BR-163, que liga Cuiabá a Santarém, ganhou um outro ambicioso plano - o BR-163 Sustentável, que inclui a adoção de rigorosas medidas ambientais, inclusive a criação de áreas protegidas, para evitar que a pavimentação prevista para 2005 provoque desmatamento adicional. As medidas previstas ainda não foram adotadas, mas o simples anúncio da pavimentação atraiu grileiros para a região.— Enquanto o programa contra o desmatamento patina em Brasília, madeireiros, fazendeiros e especuladores aceleram o processo de ocupação e destruição da floresta, disse o coordenador do Greenpeace na Amazônia, Paulo Adario, durante a coletiva. A apresentação foi ilustrada com imagens de satélite, mapas de desmatamento e queimadas e gráficos de produção e exportação de soja, carne e madeira - os três principais produtos ligados ao desmatamento. Os indicadores analisados são piores do que em 2003, quando o desmatamento da Amazônia foi o segundo maior da história.

Faltou prioridade
Para o Greenpeace, quatro fatores foram fundamentais para a falta de implementação do plano de combate ao desmatamento: a não liberação dos recursos prometidos; a falta de adesão real dos diversos ministérios envolvidos; a ausência de coordenação forte que transformasse a luta contra o desmatamento numa prioridade real de governo; e uma estratégia de comunicação que envolvesse a sociedade como um todo na luta contra a destruição da Amazônia. O que se viu foi o contrário do anunciado, disse Adario. — O dinheiro prometido não saiu, o MMA foi acuado por acusações de entravar o desenvolvimento; o agronegócio foi vendido por empresários, pelo ministro da Agricultura e pelo próprio presidente Lula como a salvação da lavoura; e até mesmo o Ibama - que deveria fiscalizar e punir, manteve-se longe da floresta, mergulhado em greves e falta de recursos.

Crime em cadeia
Estudo recente do Banco Mundial mostra que a pecuária é o principal fator de desmatamento na Amazônia - 75% das áreas desmatadas são ocupadas por gado. Segundo o IBGE, o município de S. Félix do Xingu, no Pará, já abriga 1,2 milhões de cabeças - o terceiro maior rebanho de gado do país. S. Félix, a porta oriental da Terra do Meio que está sendo grilada em escala recorde, é o campeão brasileiro de violência e trabalho escravo, segundo a Comissão Pastoral da Terra, da Igreja Católica.

Causas sociais
Segundo o ministério do Meio Ambiente, mais de 90% da produção de madeira na Amazônia tem origem predatória. As exportações paraenses de madeira - que a exemplo do resto da Amazônia vem em grande parte de desmatamentos que precedem as queimadas - aumentaram 23,5% em volume no período janeiro-outubro de 2004 em comparação com o mesmo perído de 2003. Já a área plantada com soja nos estados de Roraima, Rondônia, Amazonas, Pará e Tocantins aumentou 65% na safra 2003/2004, em relação à safra anterior. No Mato Grosso, estado campeão de queimadas, o aumento da área plantada com soja foi 16.5%. — Faltou pulso firme ao governo para impor o Plano à iniciativa privada, à sociedade e internamente. E mais uma vez, há um descompasso entre proposta e implementação, entre discurso e ação - o que é uma triste e histórica característica do Brasil, observou Adario. — O desmatamento da Amazônia tem profundas causas sociais, econômicas e culturais que exigem uma mudança no modelo de desenvolvimento. E este modelo continua o mesmo: em vez de produtos acabados que agreguem de valor no país, o Brasil exporta água, desmatamento, perda da biodiversidade, empobrecimento do solo e mão-de-obra barata, quando não escrava, em forma de soja, madeira e carne e produtos primários.

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