O Brasil está em posição de destaque no cenário internacional pelo grande potencial que possui para a hidroeletricidade e para geração de energia a partir da biomassa, principalmente da cana-de-açúcar. A constatação faz parte de um estudo realizado pelo físico e professor emérito da Universidade de Campinas (Unicamp), Rogério César de Cerqueira Leite, que representa o Brasil no Grupo de Trabalho em Energia, formado pela União Internacional de Física Pura e Aplicada (Iupaf). O objetivo do trabalho é estudar as várias fontes de energia e como cada uma delas pode suprir a demanda mundial nos próximos 50 anos. Para realizar o trabalho e analisar o cenário energético brasileiro, Cerqueira Leite conta com o apoio de uma equipe de dez professores da Unicamp. — No Brasil e em alguns países da África, que consomem pouca energia per capita e têm grandes áreas cultiváveis, a cana-de-açúcar é uma fonte importante de energia, afirma Cerqueira Leite. — O enorme potencial hidráulico também permite uma grande vantagem para o país, completa o professor. Segundo o especialista, em todo o mundo, as fontes renováveis têm uma participação pequena na matriz energética e apesar de o Brasil contar com uma enorme vantagem hidrológica para geração de energia, em outros países não há como expandir a utilização da hidroeletricidade. — Com isso, foi constatado que, nos próximos 50 anos, as hidrelétricas vão continuar respondendo por apenas 6% do total de energia consumido em todos os continentes. Hoje, o percentual da participação da hidroeletricidade no consumo mundial já está em torno de 6%, salienta.

Renováveis
A energia eólica, por sua vez, assim como a solar, ainda são energias caras. A solar, por exemplo, também tem sérios problemas de logística e de perdas no momento da conversão fotovoltaica. A utilização dessas fontes deve aumentar, mas os custos ainda permanecerão altos. Quanto à biomassa, Leite, afirma que no Brasil e em alguns países da África, a cana-de-açúcar é uma fonte importante de energia. Para se ter uma idéia, hoje, apenas 1% das terras agriculturáveis do Brasil são aproveitadas. — Em todo o mundo, talvez a biomassa substituta de 5% a 10% da energia gerada a partir de combustíveis fósseis. No entanto, na maior parte dos países, principalmente nos desenvolvidos, não há terras para cultivar, diferentemente do que acontece no Brasil, conclui.