Potencial de geração da cana-de-açúcar chega a 8 GW no Brasil
2004-11-29
A safra atual de cana-de-açúcar (2004/2005) deve chegar a 380 milhões de toneladas, o que seria suficiente para gerar em torno de oito mil megawatts (MW) a partir do aproveitamento do bagaço e da palha em usinas de biomassa. A estimativa é da União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Unica), que projeta para 2011 uma produção de 550 milhões de toneladas de cana no país. Segundo o assessor de cogeração da Unica, Onório Kitayama, atualmente a geração de energia excedente a partir da cana-de-açúcar no Brasil é de 620 MW, sendo que o Estado de São Paulo responde por 60% do volume total produzido no país.
Produtividade potencial
A Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL), por exemplo, mantém 25 contratos com 23 usinas de geração de energia a partir do bagaço e da palha de cana-de-açúcar. Outras cinco usinas sucro-alcooleiras de São Paulo também vendem energia para diferentes distribuidoras. — Com a tecnologia utilizada hoje, cada tonelada de cana pode gerar 70 quilowatts (kW). Mas se houver um aperfeiçoamento da técnica e incentivo a essa fonte, a produtividade pode avançar para 150 kW por tonelada, sustenta Kitayama.
Energia no lixo
A área plantada de cana-de-açúcar chega hoje a 5,5 milhões de hectares, mas a projeção da Unica aponta para uma expansão de 2,5 milhões de hectares da área cultivada até 2011. — Essa estimativa ainda é conservadora. Em função da perspectiva de abertura de diferentes mercados para o açúcar brasileiro e do crescimento nas exportações e no consumo interno de álcool, a produção de cana pode aumentar ainda mais, avalia o assessor da Unica. Segundo ele, as exportações brasileiras de álcool devem alcançar um volume de 2,2 bilhões de litros este ano, contra 700 milhões de litros registrados em 2003. Para Kitayama, o potencial de geração de energia a partir da cana é diretamente proporcional ao aumento de produção. — Além do bagaço, a palha – que compreende as pontas e a folha – também é uma fonte importante. Mas o Brasil hoje joga fora 50% desse potencial, ressalta. De acordo com o assessor, dos 34 projetos para instalação de novas usinas sucro-alcooleiras, cerca de 20% correspondem a empreendimentos que pretendem comercializar a bioeletricidade gerada. Hoje, praticamente todas as usinas utilizam a co-geração para consumo próprio.
Processo de habilitação
Segundo dados do Ministério de Minas e Energia, a capacidade instalada no país para geração de energia a partir da biomassa é de 2.600 MW e há ainda outros 1.800 MW de projetos autorizados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O interesse dos empreendedores pela biomassa se traduziu num grande volume de projetos apresentados à Eletrobrás na segunda chamada pública de biomassa do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa). Ao todo, a agência recebeu, nessa segunda chamada, propostas de 54 empreendimentos de biomassa, que correspondem a 1.123,87 MW – volume superior aos 772,54 MW de potência instalada que serão contratados. A meta é completar um total de 1,1 mil MW, sendo que na primeira chamada pública já foram selecionados 327,46 MW. O processo de habilitação e seleção desses empreendimentos já começou e segue até o dia 28 de dezembro.