Associação diz que novo modelo do setor elétrico não contempla energia nuclear
2004-11-23
O vice-presidente da Associação Brasileira de Energia Nuclear, Gunter Angelkorte, disse na segunda-feira (22/11) que o novo modelo do setor elétrico tem problemas graves porque a Empresa de Pesquisa Energática (EPE) não prevê, na área de energias alternativas, a energia nuclear. Ele destacou que no último verão a energia nuclear teve papel importantíssimo no abastecimento de água do Sudeste.
– No verão passado, por causa do funcionamento de Angra I e II não houve racionamento de água no Sudeste – disse ele.
Angelkorte alertou para o fato de a tarifa da Eletronuclear estar defasada desde a inauguração de Angra II. Outro problema apontado pelo vice-presidente é a necessidade de aumentar a contratação da energia nuclear. A questão de preço da energia gerada pelas usinas nucleares e da sobra de energia pode ter influência no leilão que o governo vai realizar, possivelmente no dia 10 de dezembro, para a contratação da chamada energia velha (já existente). Furnas é a empresa que comercializa a energia gerada por Angra I e II.
– O Ministério de Minas e Energia tem certa dificuldade em abordar este assunto da energia nuclear. Mas ela não é só destinada à produção de energia elétrica - afirmou.
Segundo o técnico, a energia nuclear é importante, por exemplo, para a produção de rádio-fármacos e para a irradiação de grãos e frutas, eliminando fungos e bactérias. Ele lembrou que atualmente o Brasil tem a 6ª maior reserva de urânio do mundo, insumo da indústria nuclear, e poderá ter a terceira se as novas minas da Paranapanema, no Pará, forem repassadas para o governo. A expectativa do vice-presdiente é de que nos próximos 30 dias o Conselho Nacional de Política Energética defina se o país vai construir a usina nuclear de Angra III. Todos os equipamentos já foram comprados e ela é semelhante a Angra II e seria construída ao lado das outras duas usinas. (O Globo On Line 22/11)