Corais originários do Oceano Pacífico se propagam e ameaçam destruir espécies nativas brasileiras
2004-11-22
A região da Ilha Grande, pólo turístico do litoral do Rio de Janeiro que abriga dois parques estaduais e uma reserva biológica, está sofrendo com a chegada de espécies invasoras, vindas de outras partes do mundo. Desta vez, os intrusos não são peixes, plantas ou mexilhões, mas corais originários do Oceano Pacífico.
Durante pesquisas conduzidas pelo Laboratório de Ecologia Marinha Bêntica da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), na Ilha Grande e ilhas vizinhas, foram encontradas colônias de Tubastraea coccinea e de Tubastraea tagusensis, considerado o primeiro coral exótico registrado no Atlântico Sul. Esses organismos ocupam o espaço e excluem as espécies nativas de corais, e ainda não existem estudos conclusivos sobre os impactos que essa ocupação terá no ecossistema local e nas atividades pesqueira e turística, por exemplo.
Parte dos trabalhos que levaram à descoberta das espécies invasoras conta com recursos do MMA/Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica Brasileira (Probio), da UERJ, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) e do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF). – A descoberta reforça a necessidade do controle internacional e nacional da água de lastro e do trânsito de espécies, com campanhas e ações como as coordenadas pelo Ministério do Meio Ambiente contra o mexilhão dourado, disse Robson José Calixto, oceanógrafo do Ministério do Meio Ambiente (MMA).
De acordo com o biólogo inglês Joel Creed, da UERJ, os corais exóticos podem ter chegado ao Rio de Janeiro agarrados aos cascos de navios e às estruturas de estaleiros, terminais ou plataformas de petróleo que são transportadas pela região de Ilha Grande. Segundo ele, poucos estudos estão sendo feitos sobre os efeitos do trânsito de embarcações e de outras estruturas pelo litoral brasileiro, mesmo já tendo sido encontrados exemplares desses corais em plataformas petrolíferas no Rio de Janeiro. (Eco Agência 19/11)