Caiçaras da Juréia conquistam apoio para projeto
2004-11-22
O projeto cultural Viola Peregrina, criado pela comunidade caiçara da Juréia e gerenciado pela organização não-governamental Mongue Proteção ao Sistema Costeiro, conquistou semana passada o apoio financeiro da Petrobras, por meio da Lei de Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura. Com o patrocínio ao longo de 18 meses, Peruíbe ganha seu primeiro projeto de registro da cultura de populações tradicionais. — O Viola Peregrina terá como condutor a chamada viola iguapeana, também conhecida como viola branca, que existe apenas nesta região. Uma viola será produzida por luthiers locais e peregrinará por várias comunidades da Juréia. O nosso principal objetivo é registrar músicas, danças e festas religiosas de caiçaras nos locais onde esses eventos acontecem, explica o secretário executivo da ONG, Plínio Melo. Nos últimos anos, moradores das comunidades tradicionais se transferiram para a cidade por causa das restrições ambientais. Com isso, perderam os vínculos com a tradição caiçara, caracterizada pela transmissão oral dos conhecimentos. Além registrar manifestações culturais na forma de vídeo em DVD, programas de rádio em CD, textos, site e blog, o Viola Peregrina gerará renda para mais de 200 pessoas em sua fase inicial. — Vamos construir uma Escola Caiçara e uma cooperativa de cantadores e luthiers, onde os envolvidos poderão utilizar os equipamentos de marcenaria adquiridos para produzir e obter renda com a venda de seus trabalhos e artesanatos, afirma Melo.
Sobre os caiçaras da Estação Ecológica Juréia-Itatins
Henrique Tavares pode ser considerado patriarca da comunidade caiçara da Juréia. Ao se embrenhar na mata por volta de 1930 desgostoso por ter sido preso sob acusação de curandeirismo na cidade de Pariquera-Açu, Tavares migrou para a Cachoeira do Guilherme com 25 famílias. No isolamento, fundou-se uma das comunidades mais tradicionais da Juréia, onde se criou a Lei Tavarana, com costumes e tradições próprias. Cinqüenta anos depois, o governo ameaçou construir uma usina nuclear na região. No entanto, um forte movimento popular liderado por Ernesto Zwarg impediu a instalação da usina e propiciou a criação da Estação Ecológica Juréia-Itatins, em 1986.