Redução de 35% da poluição do ar salvaria 4 mil vidas por ano nos EUA
2004-11-22
E. San Martin (Nova York)
A redução de 35% da poluição do ar salvaria 4 mil vidas por ano nos principais centros urbanos dos Estados Unidos. Esta é a conclusão da primeira pesquisa nacional do gênero, realizada pela Yale School of Forest and Environmental Studies. O estudo comparativo incluiu 95 cidades, onde se concentram 40% da população, analisando os picos de emissões de poluentes retentores de ozônio no ambiente com o índice de mortalidade entre 1987 e 2000. Até agora, sabia-se da maior incidência de internações hospitalares, principalmente, por problemas respiratórios, sempre que a temperatura se eleva pela acumulação de ozônio à nível do solo. Os estudos disponíveis, entretanto, eram inconclusivos, devido as diferentes metodologias empregadas. — Vinculamos as variações diárias de ozônio no meio ambiente de zonas urbanas ao número de mortes registradas nestas zonas, chegando a provas convincentes do efeito a curto prazo do ozônio sobre a mortalidade, de acordo com Francesca Dominici, uma das autoras do estudo, que salientou a necessidade de diferenciar esta retenção de ozônio no meio ambiente do ozônio atmosférico, que é benéfico, por proteger o planeta dos raios solares.
Acréscimo mortal
Publicado na nova edição do Journal of the American Medical Association, o estudo especifica que cada acréscimo de 10 partículas por bilhão em poluição do ozônio causa um aumento de 0,52% por dia na taxa de mortalidade das cidades observadas. Além do aumento de mortes de pacientes com deficiência respiratória crônica, há aumento de 0,64% em mortes de pacientes com complicações cardiovasculares. O índice cresce para 0,70% na faixa dos 65 anos ao 74 anos. Em Houston, uma das cidades de maior smog dos EUA, o aumento da mortalidade chega a 0,80% em dias de maior poluição. Numa cidade de grande porte como Nova York, o aumento de 10 partículas retendoras de ozônio em cada bilhão responde por 319 mortes prematuras por ano. A nível nacional, o número cresce para 3.767.
Esforço Modesto
— Podemos dizer com segurança que o ozônio ambiental está vinculado a aumento de mortalidade, além de ter outros aspectos prejudiciais à saúde, comentou Michelle Bell, professora de Environmental Health da Universidade de Yale. Trata-se, entretanto, do primeiro levantamento do gênero nos Estados Unidos e o mais abrangente já realizado até hoje. Os resultados ainda confirmaram as projeções de uma amostragem conduzida em 19 cidades européias e divulgada no na última edição da American Journal of Respiratory and Critical Care Medicine. O estudo não especifica como o ozônio ambiental afeta a saúde das pessoas, mas identifica a fonte do mal: emissões de dióxido de carbono pelo excesso de automóveis, caminhões e veículos de transporte nas cidades. — Por outro lado, diante do custo da poluição do ar para a saúde pública, o atual esforço para redução do nível de ozônio ambiental é modesto, dada a tecnologia disponível, conclui Francesca Dominici.