Biotecnologia ajuda a preservar a história venezuelana
2004-11-21
Calor, umidade, insetos e bactérias já destruíram um terço do patrimônio artístico da Venezuela. Pinturas de Jose Lorenzo Zurita, feitas no século 18, podem ser vistas hoje apenas em livros. Os documentos históricos de Simon Bolívar, o libertador de vários países da América Latina, também estão seriamente condenados. Nos países tropicais, além da falta de cuidado, o clima, insetos e microorganismos complicam ainda mais a preservação da arte e da história. Para tentar reverter uma situação que parece piorar a cada dia, a Universidade das Nações Unidas, por meio do programa Biolac, está desenvolvendo métodos eficientes e não invasivos para que páginas da história de um país possam permanecer inteiras por mais tempo. As alternativas são baseadas em técnicas biotecnológicas atuais, como a de seqüenciamentos de DNA. O objetivo dos pesquisadores é obter material genético dos responsáveis pela infestação e definir com precisão quais as espécies que estão digerindo papéis, pinturas e outras peças artísticas. A partir disso, a intenção é usar as toxinas das próprias bactérias para repelir a infestação da história venezuelana. Para o desenvolvimento das técnicas de proteção, os cientistas também estão se baseando em técnicas utilizadas em países de clima temperado. — Há milhões de bactérias e fungos causando verdadeiros desastres no mundo em desenvolvimento, disse Jose Luiz Ramirez, diretor do programa Biolac. — A biotecnologia nos ajudará a identificar de forma precisa o material que foi usado pelo artista, assim como a peste que está causando a destruição. Com essas informações, será possível encontrar a melhor estratégia para fazer uma correta proteção, disse em comunicado da Universidade das Nações Unidas. Para discutir o problema, a instituição realizou em Caracas, no início de novembro, um grande simpósio sobre o tema. Toda a discussão será editada em forma de livro, que deverá ser lançado, em espanhol, nas próximas semanas. Uma versão em inglês também está sendo preparada pelos responsáveis do Biolac. (Agência Fapesp 16/11)