Lista de espécies ameaçadas cresce e Brasil é dos mais afetados, aponta IUCN
2004-11-21
Mais de 15 mil espécies, de tubarões a pinheiros, correm atualmente o risco de extinção disseram cientistas e ambientalistas na quarta-feira (17/11). Eles alertaram que o número vem aumentando mais rapidamente do que nunca e que o Brasil é um dos pontos crítcos. Os dados são da Lista Vermelha de 2004. O documento é publicado anualmente pela União Mundial de Conservação da Natureza (IUCN). Neste ano, a lista foi divulgada em conjunto com a Avaliação Global das Espécies, o mais amplo relatório sobre a situação da biodiversidade mundial. — Austrália, Brasil, China, Indonésia e México abrigam números particularmente grandes de espécies ameaçadas, diz a IUCN. A entidade listou 15.589 espécies de animais e plantas que correm risco de extinção, mas afirma que o número pode ser ainda maior, já que menos de 3% do 1,9 milhão de espécies catalogadas puderam ser avaliadas até o momento. Dos listados, 7.266 são animais e 8.323 são plantas ou líquens. Um total de 784 plantas e animais é dado agora como extinto e outros 60 existem apenas em cativeiro ou cultivo.
A entidade calcula que o ritmo de extinção na natureza nos últimos 100 anos corresponde a algo entre 50 e 500 vezes mais do que em épocas anteriores. Um em cada três anfíbios, metade das tartarugas de água doce, em oito pássaros e um em quatro mamíferos estão ameaçados. O relatório foi apresentado no Congresso Mundial de Conservação, que começou nesta quarta-feira em Bangcoc. Na realidade, a situação é provavelmente pior do que mostram esses números. — Embora 15.589 espécies estejam ameaçadas de extinção, isso é uma estimativa limitada já que apenas uma pequena parte das espécies conhecidas foi avaliada, disse Craig Hilton-Taylor, responsável pelo programa Lista Vermelha. — Ainda há muito a ser descoberto sobre espécies importantes de hábitats ricos, como florestas tropicais e sistemas marinhos e de água doce, ou em grupos específicos, como entre os invertebrados, as plantas e os fungos, responsáveis pela maior parte da biodiversidade. Mesmo nas profundezas dos oceanos, os animais não conseguem escapar da devastação provocada pelo homem. Muitas espécies de animais marinhos que vivem nessas regiões estão sendo exploradas excessivamente a ponto de se verem ameaçadas. Quase 20% das espécies de tubarões e arraias estudados até agora estão. O grupo disse que, apesar de os líderes mundiais estarem se dando conta da importância da conservação ambiental, novas medidas precisavam ser adotadas. — Os governos estão começando a perceber o valor da biodiversidade para o homem. Mas ainda precisam mobilizar mais recursos para protegê-la, afirmou David Brackett, chefe da Comissão de Sobrevivência das Espécies da IUCN. (Globo 17/11)