Alemanha encerra acordo nuclear com o Brasil
2004-11-19
O programa nuclear brasileiro perdeu seu aliado mais tradicional, a Alemanha, que anunciou o fim de 30 anos de parceria e propôs ao Brasil que se concentre na exploração de recursos energéticos renováveis.
O custo e a segurança do programa nuclear brasileiro despertaram preocupações internacionais, especialmente depois que inspetores da Organização das Nações Unidas (ONU) tiveram acesso restrito à instalação nuclear de Resende (RJ), já que o Brasil teme espionagem industrial.
Diante da pressão do seu Partido Verde, o ministro alemão das Relações Exteriores, Joschka Fischer, disse que o acordo nuclear brasileiro era incompatível com a meta alemã de se livrar da energia atômica até 2025.
– Na Alemanha temos uma política de abandonar gradualmente (a energia nuclear), e isto está avançando para as nossas relações internacionais, disse Fischer a jornalistas na quinta-feira (18/11), durante visita ao Brasil.
O Brasil aceitou encerrar o acordo quando ele expirar, no final do ano, e convertê-lo em um pacto de cooperação para a produção de energia solar, eólica, com etanol, biodiesel e outras fontes, segundo diplomatas brasileiros.
Segundo o chanceler Celso Amorim, o Brasil não pretende abandonar a energia nuclear, pelo contrário. O país busca empresas que invistam para completar a construção da usina de Angra-3, parada há 30 anos.
Também é possível que seja ampliada a produção de combustível nuclear para uso doméstico.
– O Brasil tem planos concretos para continuar usando a energia nuclear, disse Amorim após os comentários de Fischer.
Enquanto Fischer se reunia com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, manifestantes do Greenpeace levaram barris de petróleo com o símbolo da radiação para a frente do Palácio do Planalto.
– Ao invés de jogar mais bilhões de dólares pelo ralo nuclear, o Brasil deveria aproveitar esta oportunidade para promover a energia sustentável, disse o ativista Sergio Dialetachi. (Reuters 19/11)