Governo promete acesso público aos dados sobre Amazônia
2004-11-18
Enquanto a fase de testes dos sistemas de monitoramento não é concluída, o governo discute como as informações serão divulgadas para o público. Por enquanto, o acesso aos dados -tanto do Siad quanto do Deter- é restrito às equipes de desenvolvimento, ao Ibama e ao MMA. Edgar Fagundes Filho, do Sipam, promete a liberação dos dados no dia 17 de dezembro, inclusive para consulta pública via internet: — Vamos implantar o sistema em todas as bases operativas de fiscalização da Amazônia e abrir os dados no site do Sipam. Para o Deter, não há uma data estipulada de divulgação. Uma proposta será apresentada à Casa Civil no dia 1º de dezembro. João Paulo Capobianco, do MMA, acredita que a divulgação dos dados do monitoramento em tempo real pode atrapalhar o trabalho em campo. — A Amazônia é uma área enorme, então é preciso que haja uma defasagem na divulgação para que a liberação dos dados não seja utilizada contra a conservação, diz. Segundo ele, o esforço serve para fortalecer o sistema de monitoramento, torná-lo mais inteligente e criar ações que resultem em efetiva punição. Capobianco também teme que os pontos de mudança na cobertura vegetal sejam confundidos com a área desmatada, dado esse gerado por outro projeto do Inpe, o Prodes, que fornece as estimativas anuais de desflorestamento. — As pessoas têm a tendência de somar os polígonos do desmatamento [gerados pelo Deter], afirma Capobianco. Os resultados do Prodes podem ser conferidos, desde 2003, na página do projeto (www.obt.inpe.br/prodes). Para o Grupo de Trabalho sobre Florestas, que reúne 19 entidades ligadas ao Fórum das ONGs, a exposição dos dados coletados em tempo real deve ser encarada como um compromisso pelos integrantes do governo.
— Não é apenas uma solicitação nossa mas do próprio governo, que fixou a divulgação dos dados gerados por satélites como instrumento do plano [contra o desmatamento], afirma Roberto Smeraldi, da ONG Amigos da Terra. O coordenador da campanha Amazônia do Greenpeace, Paulo Adário, acredita que a sociedade pode ajudar o governo a fiscalizar ações ilegais na região. — Como temos o Disque Denúncia, o monitoramento em tempo real fornecerá uma ferramenta para enfrentar o problema, diz. (FSP, 17/11)