Avaliação físico-química, nutricional e biológica das silagens ácida, biológica e enzimática elaboradas com descarte e resíduo do beneficiamento da Tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus)
2004-11-18
Resumo: No Brasil e no mundo, a indústria relacionada à pesca gera grande quantidade de resíduo de alto valor biológico. Este material residual, devido a falta de um destino adequado, é considerado um problema sob o ponto de vista ambiental, de sanidade e de eficiência de produção. Com os objetivos de minimizar os problemas ambientais e melhorar a eficiência de produção da indústria do pescado, procedeu-se a elaboração e a caracterização físico-química e nutricional da silagem ácida (SA), silagem biológica (SB) e silagem enzimática (SE), utilizando como matéria-prima os descartes da piscicultura e o resíduo do beneficiamento da tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus) (Experimento 1). As silagens SA, SB e SE apresentaram os valores (base na matéria seca) de: 25,21; 34,58 e 25,01 g/100g para a matéria seca, 54,25; 33,00 e 54,50 g/100g para a proteína bruta, 12,45; 12,25 e 12,17 g/100g para lipídios, 8,03; 7,33 e 8,58 g/100g para o cálcio e 4,71; 2,86 e 4,85 g/100g para o fósforo, respectivamente.
Entre os aminoácidos essenciais (AAE), a leucina (3,50; 2,41 e 3,31 g/100g para SA, SB e SE, respectivamente) e a lisina (3,33; 2,41 e 3,22 g/100g para SA, SB e SE, respectivamente) apresentaram-se em maior concentração. Com base no escore químico, todas as silagens apresentaram deficiência em triptofano, quando comparadas às exigências em AAE para a tilápia do Nilo, de acordo com o NRC (1993). Contudo, considerando-se como aminoácidos limitantes apenas os que estiverem 30% abaixo das exigências mínimas para peixes, em geral, esses produtos não são deficientes em nenhum AAE. Em um segundo experimento, avaliou-se biologicamente as silagens elaboradas no experimento 1, através da determinação do coeficiente de digestibilidade aparente (CDA) da energia, nutrientes e aminoácidos. Foram encontrados valores de CDA de: 92,01; 89,09 e 93,66% para proteína bruta, 86,39; 84,53 e 89,09% para energia bruta, 82,52; 78,98 e 82,96% para matéria seca, 81,72; 73,99 e 80,27% para cálcio e 77,86; 79,21 e 81,46% para o fósforo na SA, SB e SE, respectivamente. O CDA médio dos aminoácidos foi de: 91,83; 90,76 e 94,61% para SA, SB e SE, respectivamente. Os resultados obtidos para SA e SE foram, de maneira geral próximos e melhores que os obtidos para SB. Recomenda-se, com base nos resultados desta pesquisa, o uso da SA pela facilidade na sua elaboração.
Instituição: Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Autor: Ricardo Borghesi.
Contato: rborghes@esalq.usp.br.