Mistura de 8% álcool ao diesel recebe apoio na Câmara Federal
2004-11-17
A mistura de 8% de álcool etílico ao óleo diesel foi defendida ontem (16/11) pelos participantes da audiência pública realizada pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados. A reunião foi realizada para discutir o Projeto de Lei 222/03, do deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS), que propõe a adição de até 15% de álcool ao óleo diesel.
Experiências
O coordenador do Programa Mistura Álcool Diesel do Centro Brasileiro de Referência em Biocombustível do Instituto de Tecnologia do Paraná, José Carlos Laurindo, relatou as experiências realizadas em Curitiba (PR) com veículos de transporte coletivo. Segundo ele, após diversos testes, ficou comprovado que o ideal é a mistura de 8%, por não causar danos aos motores.
Laurindo citou como exemplo a empresa Auto Viação Marechal, que há quatro anos usa a mistura de 8% em vinte ônibus. A empresa começou, em 1998, com a adição de 11% de álcool ao diesel, mas acabou reduzido os percentuais porque foi constatada uma queda na potência dos motores dos ônibus.
Na avaliação do coordenador, 95% da frota de ônibus e caminhões do País têm condições de adotar a denominada MAD8 (Mistura Álcool-Diesel). Ele afirmou que a mistura nessas proporções já reduziu em até 40% a fumaça preta e a fuligem jogadas à atmosfera por esses ônibus.
O sucesso da experiência foi confirmado pelo gerente da Auto Viação Marechal, Alderico Machado Dias. Segundo ele, nos quatro anos de uso da adição, os ônibus rodaram 4,8 milhões de quilômetros sem apresentar problemas mecânicos em decorrência da mistura de combustíveis.
O gerente do Sistema de Transporte Coletivo da Urbanização Curitiba S.A, Elcio Karas, contou que a empresa também adota a mistura desde 1998. De acordo com o gerente, durante esse período não foi detectado qualquer tipo de problema nos motores.
Redução de importações
O presidente da Ecológica Mato Grosso Indústria e Comércio, João Nicolau Petrone, mostrou projeções sobre o uso da adição de 8% de álcool ao diesel. De acordo com Petrone, se a mistura fosse adotada em todo o País haveria uma redução de 30% nas emissões de gases poluentes à atmosfera. — Além disso, seriam gerados 200 mil novos empregos em 300 municípios brasileiros e o País poderia reduzir em 10,6% as importações de petróleo, afirmou. Ele informou ainda que a empresa, com sede em Cuiabá (MT), tem capacidade de produzir 1200 toneladas de aditivo co-solvente, necessário para a mistura.
Parecer pela rejeição
No final da reunião, o deputado Pompeo de Mattos disse que o projeto, que sugere a adição de 15% de álcool ao diesel, poderá ser alterado caso o relator, deputado Paes Landim (PTB-PI), considere que a adição de 8% seja mais apropriada.
O relator, que defendeu a rejeição da proposta, não estava presente na audiência pública. No seu parecer, Paes Landim alega que testes realizados em todo o País mostram que a mistura de 3% a 11% causam danos aos veículos com bombas injetoras rotativas de combustíveis.