Apenas 19,2% da população mundial reside em regiões onde há confortável disponibilidade social de água, ou seja, em que há quantidade suficiente de recursos hídricos disponíveis para cada habitante. Esse percentual poderia ser ampliado se a água existente em aqüíferos (rochas porosas e permeáveis que armazenam água e, ao mesmo tempo, permitem a sua circulação) fosse melhor aproveitada. Um dos reservatórios com grande potencial a ser explorado é o Guarani: um aqüífero com 1,2 milhão de km2, com volume estimado de 46 mil km2 de água, que corta Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. As inúmeras possibilidades oferecidas pelo gigantesco reservatório são o tema do livro Aqüífero Guarani: a verdadeira integração dos países do Mercosul, lançado quinta-feira (11/11) em Foz do Iguaçu (PR). De autoria dos pesquisadores Nádia Rita Boscardin Borghetti, José Roberto Borghetti e Ernâni Francisco da Rosa Filho, a obra ressalta a necessidade de tornar o aqüífero mais conhecido, não apenas para promover o seu melhor aproveitamento, mas também para sua preservação. Os autores também defendem que o reservatório pode beneficiar todo os países por onde passa, servindo de elo de ligação ambiental na região. — O maior problema para a preservação dos recursos hídricos nos dias atuais é a falta de conscientização da sociedade com relação à vulnerabilidade desses recursos alimentada, seguramente, pelo descaso de muitos governantes com relação aos problemas relacionados à gestão dos recursos hídricos, enfatizam os autores, num trecho do livro. Ainda segundo os biólogos que escreveram o livro, algumas cidades já utilizam a água do reservatório, como Ribeirão Preto, em São Paulo, onde 90% do abastecimento vem do Guarani. Os pesquisadores informam que nem toda a água do aqüífero é própria para consumo, pois apresenta temperatura muito elevada. Essa água, porém, pode ser fonte de renda se aproveitada em complexos hidrotermais, como as Termas de Jurema, em Iretama, e de Maringá, no Paraná, onde a água quente atrai turistas. Além de todos os detalhes sobre as condições do Guarani, com destaque para as diversas aplicações do gigantesco reservatório, o livro traz dados sobre as reservas de água do planeta, a situação dos países por distribuição de recursos hídricos, os usos de água no mundo e informações gerais sobre aqüíferos. Todo o material é complementado por uma série de mapas e gráficos. Patrocinado pela Fundação Roberto Marinho, o livro está saindo com uma tiragem inicial de 1.500 exemplares, que serão distribuídos em universidades e organizações não-governamentais. (Gazeta do Povo/PR 12/11)