Nível dos oceanos deve aumentar 1 metro até 2100
2004-11-12
O aquecimento global está derretendo o gelo do Ártico mais rápido que o previsto, e os oceanos podem ter seu nível elevado em um metro até 2100, inundando casas nas áreas costeiras do mundo, disse terça-feira (09/11) Robert Corel, presidente da Acia - Avaliação do Impacto Climático no Ártico, formada por oito países. Em entrevista na abertura de uma conferência científica de quatro dias em Reykjavik (Islândia), Corell disse que o aquecimento global estava derretendo o lençol de gelo da Groenlândia e as geleiras do Ártico, do Alasca à Noruega, mais rápido do que se imaginava. Ele também ressaltou a aparente disposição dos Estados Unidos, o maior poluidor do mundo, em agir para desacelerar as alterações climáticas. — A Groenlândia terá um papel muito maior na elevação do nível do mar do que se previa, disse Corell, que pertence à Sociedade Meteorológica Norte-Americana. Ele afirmou que um relatório da ONU de 2001 previa que o nível do mar se elevaria entre 20 e 90 cm até 2100. Segundo o cientista, algumas previsões da ONU acreditavam que o gelo da Groenlândia seria responsável por uma elevação de apenas 4 mm. — Ficaremos no limite máximo, em torno de um metro, disse ele. O relatório da Acia afirma que só o degelo da Groenlândia pode aumentar em 10 cm o nível global do mar até 2100. Em Bangladesh, cerca de 17 milhões de pessoas vivem menos de um metro acima do nível do mar. Ilhas do Pacífico como Tuvalu podem desaparecer, e grande parte do sul da Flórida seria inundado com uma elevação de um metro dos oceanos. A maior parte da elevação projetada pelas pesquisas da ONU se deve à expansão da água conforme ela se aquece, portanto não está diretamente ligada ao degelo. Na Antártida, o gelo, que é mais espesso, deve permanecer estável. O relatório da Acia foi financiado por Estados Unidos, Canadá, Rússia, Islândia, Noruega, Suécia, Dinamarca e Finlândia, e é a maior pesquisa já realizada sobre o clima do Ártico, com a participação de 250 cientistas. O documento diz que as temperaturas do Ártico estão se elevando ao dobro da velocidade da média global, e devem aumentar em mais de 4 a 7 graus Celsius até 2100. O relatório afirma que o degelo vai ameaçar povos indígenas e espécies como os ursos polares. Os oito governos de países do Ártico devem se reunir na Islândia em 24 de novembro para decidir o que fazer. Diplomatas dizem que há um impasse, já que os EUA se opõem a atitudes radicais. — Há sinais contraditórios nos Estados Unidos, disse Corell. — Mas eu acho que há uma mudança ocorrendo. Ele afirmou, por exemplo, que alguns senadores republicanos lhe pediram explicações sobre o relatório. Em 2001, o presidente George W. Bush se retirou do Protocolo de Kyoto, medida da ONU para conter as emissões de gases que provocam o efeito-estufa. (Terra 10/11)