Frio e poluição elevam risco de problemas cardíacos graves
2004-11-09
O frio súbito e a poluição do ar podem desencadear ataques cardíacos mortais, disseram pesquisadores nos Estados Unidos, durante uma reunião da Associação Americana do Coração. Vários estudos vêm mostrando que a propensão a morrer do coração ou ter problemas cardíacos agudos aumenta quando a temperatura cai abruptamente e quando o nível de poluição do ar está especialmente alto. Os médicos acreditam que alguma forma de estresse está relacionada a isso. - A questão não é apenas a temperatura absoluta do lado de fora. A questão é quão bem você se protege dela - disse o médico Gad Cotter, da Universidade de Duke, na Carolina do Norte.
A equipe de Cotter estudou 300 pacientes durante o inverno passado em Israel. Quando a temperatura caía para menos de 7 graus Celsius - uma frente fria para o clima israelense - o número de pessoas atendidas no hospital por causa de insuficiência aguda do coração saltava duas a três vezes, em relação aos dias quentes. - Nessas noites ou nas manhãs seguintes, tínhamos um grande número de pacientes com insuficiência cardíaca aguda - disse Cotter. - Durante dias mais poluídos, também tínhamos mais pacientes assim. A insuficiência cardíaca aguda é o agravamento de um quadro crônico e freqüentemente fatal, em que o coração perde a capacidade de bombear o sangue devidamente. Num episódio agudo, os pacientes podem sentir falta de ar e desmaiar. O médico Toru Suzuki, da Universidade de Tóquio, observou pacientes em vários países, com uma condição rara, mas fatal, chamada de dissecção aguda da aorta. - Há apenas uns poucos milhares de casos por ano nos EUA - contou Suziki. - É muito catastrófico. Literalmente leva a aorta à dissecção. Os médicos observaram os casos de 969 pacientes com o quadro, nos EUA, Canadá, Alemanha, Israel, Espanha, Itália, Japão e Noruega ao longo de dez anos. Não importava o clima do dia, a incidência do problema tinha um pico no inverno. - A espessura da (parede) da carótida aumentava 4% a 5% com cada nível de partícula aumentado - disse Kuenzli. Noutras palavras, quanto mais visível a poluição do ar, pior o nível de doença arterial subjacente. - Há uma associação clara e forte entre a poluição do ar e o nível de aterosclerose - disse o pesquisador. (Globo Online, 08/11)