Desafio de ONGs: manter foco social
2004-11-09
Com maior crescimento a partir dos anos 90, as organizações não-governamentais (ONGs) enfrentam novo desafio: continuar organizadas apenas em torno de projetos sociais. A observação foi feita ontem pela professora da Faculdade de Educação da Universidade de Campinas Maria da Glória Gohn, na Conferência Internacional de Gestão Social, que termina hoje na Fiergs. No painel Gestão social das ONGs: solução à crise do paradigma estatal, a professora e coordenadora do Núcleo de Estudos sobre Movimentos Sociais, Educação e Cidadania de São Paulo destacou que muitas entidades são formadas em torno de pessoas com passado ilustre e acabam não tendo renovação. — Antes eram criadas em torno de um projeto, agora se percebe a fixação numa autoridade benemérita, salientou Maria da Glória. Lembrou que as organizações surgiram do enfraquecimento das políticas sociais. Segundo ela, atrair investimentos não pode ser o objetivo final. Há a necessidade de as ONGs se voltarem à economia solidária sem que a meta se resuma a produzir um bem, mas formar cidadãos com consciência social.
Os riscos da interferência dos governos sobre as ONGs foram tratados por Charo Méndez, consultora de responsabilidade social corporativa da Venezuela. No país, a oportunidade de financiamento público gerou o aparecimento de entidades nos últimos anos. O controle do Estado teria tirado a agilidade e burocratizado as ações. — Há crise de identidade. O Estado se torna em vez de provedor o financiador dos programas sociais. As ONGs perdem a postura crítica e deixam o papel fiscalizador para serem executoras, (CP/9)