Área de patrimônio natural da Unesco na China terá quatro represas
2004-11-08
Pequim aprovará a construção de quatro polêmicas represas na província de Yunnan, em uma zona declarada Patrimônio Natural da Humanidade pela Unesco - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, informou nesta terça-feira (2), o jornal South China Morning Post. Segundo fontes citadas pelo jornal independente, a Comissão Estatal para o Desenvolvimento e a Reforma dará sinal verde ao controverso plano no final deste mês e as obras começarão no começo de 2005, após revisar o impacto meio ambiental e diminuir o projeto de 13 para quatro represas. A bacia do rio Nujiang, onde serão construídas as represas, abarca 1,7 milhão de hectares, foi catalogada Patrimônio Natural em 3 de julho de 2003 e é a de maior tamanho de toda a China. O projeto original, apoiado pelos governos locais para reduzir a pobreza na área, previa a construção de 13 represas no rio Nujiang, um dos três mais longos da China, com uma produção de mais de 103 bilhões de quilovates ao ano. No entanto, a comissão autorizará uma redução do projeto até quatro represas, das quais duas serão construídas no curso do rio em sua passagem por Liuku e Songta. O primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, aprovou supostamente a decisão da comissão, mas em fevereiro de 2004 ordenou a suspensão do projeto hidroelétrico enquanto era feito um estudo de seu impacto meio ambiental. Sua aprovação é considerada uma derrota para os defensores do meio ambiente na China, que lançaram uma campanha pública contra o projeto. Os oponentes asseguram que as represas destruirão milhares de espécies vegetais e animais únicos na zona e em perigo de extinção, e forçará o desalojamento de milhares de pessoas, em sua maioria pertencentes às 22 minorias étnicas do oeste de Yunnan. Além disso, denunciam que o objetivo do projeto é conseguir lucros para a indústria energética e para as autoridades oficiais, enquanto países vizinhos como Mianmar e Tailândia estão preocupados com os impactos em seu território. — Até onde sabemos, o governo continua com seu estudo de impacto meio ambiental, declararam as autoridades de Nujiang sem confirmar a futura aprovação das represas. — Nos sentimos tristes pela decisão, mas acho que nossos esforços não foram em vão porque educamos o público em relação aos perigos da represa e pedimos responsabilidades ao governo local, declarou a ecologista Wang Yongchen, do Grupo de Voluntários Terra Verde. Na semana passada, o vice-presidente Zhang Guobao aprovou um investimento de 120 milhões de dólares em projetos hidroelétricos para os próximos 15 anos com o objetivo de resolver a enorme carência energética vivida pela China, a pior de sua história. A província de Yunnan, situada na saia do Himalaia, seria essencial neste investimento, enquanto as autoridades locais, conscientes da rejeição dos ecologistas, anunciaram ontem que aumentariam seus esforços para proteger o patrimônio natural da região. (Terra 03/11)