Pobreza sustenta o alto índice de reciclagem
2004-11-08
O Brasil está no primeiro mundo na reciclagem de lixo, chegando a quase 89% de reaproveitamento das latas de alumínio, mas a consciência ecológica ainda está longe de atingir os níveis dos países desenvolvidos, segundo os dados reunidos pelo IBGE nos Indicadores de desenvolvimento sustentável, divulgados ontem. A pesquisa expõe a distância entre a reciclagem e a coleta seletiva de lixo. Enquanto a quase totalidade das latas de alumínio é reciclada, apenas 1,9% do lixo é coletado de forma seletiva. O IBGE, na publicação, relaciona o alto índice de reciclagem à pobreza e ao desemprego no Brasil:
- A situação não é tão confortável como os dados parecem indicar. Esse índice alto reflete, em parte, a miséria no qual uma parcela da população brasileira vive - afirma Judicael Clevelário Júnior, coordenador dos indicadores ambientais da pesquisa. Segundo o técnico do instituto, o Brasil não repete o padrão observado no Japão e na Europa, onde há separação do lixo e coleta seletiva, práticas que sustentam a reciclagem. No Brasil, apenas 451 cidades recolhem o lixo separadamente, o que representa apenas 8,2% do total de municípios. Na parcela de residências, o percentual não chega a dois dígitos: são apenas 6%. - Se a economia melhorar e esse exército de catadores conseguir emprego, esse índice de reciclagem pode baixar - avisa Clevelário. (Globo, 05/11)