Passivo dos postos de gasolina em aquíferos nos EUA pode chegar a US$ 100 bilhoes
2004-11-05
E. San Martin de Nova York
Reservatórios subterrâneos de água potável de 28 estados dos EUA estão contaminados com éter butíl-metílico terciário, um aditivo oxigenante, que o governo americano tornou obrigatório no combustível por ser capaz de inativar partículas de dióxido de carbono, reduzindo a poluição do ar. As autoridades, entretanto, não estimaram o custo que o antipoluente teria nas reservas aquíferas subterrâneas, devido a problemas de manutenção da infraestrutura - o vazamento de tanques de armazenamento de gasolina. As estimativas da consultoria ambiental Toxics Targeting indicam que cerca de 13 mil destes tanques apresentam problemas de vedação, contaminando o solo e, consequentemente, as reservas de água subterrânea. O custo para a despoluição destas terras pode chegar US$ 100 bilhões.
Água cheirando
Este efeito colateral negativo do éter butil-metílico na água é conhecido há seis anos, sendo de fácil identificação por deixar a água cheirando a terebentina. O governo do estado de Nova York identificou o problema em 1998, introduzindo legislação rigorosa para descontaminação do solo e manutenção de reservatórios de combustíveis em áreas de reservas aquíferas. Só em 2004, entretanto, o Departamento de Conservação Ambiental proibiu o uso do aditivo no estado. A cidade de Nova York já entrou na Justiça, exigindo US$ 300 milhões de indenização das refinarias responsáveis por um grande vazamento ocorrido no bairro de Queens. — Em Nova York, a contaminação da água (pelo aditivo) é mais grave do que no resto do país, mas o governo nem sequer concluiu o levantamento de quantos reservatórios de gasolina têm vazamentos, de acordo com o senador democrata Chuck Shumer.
Crime premeditado
No estado, a região mais atingida é a de Long Island, onde mais de três milhões de pessoas dependem de águas subterrâneas. Long Island também abriu um processo contra a Exxon e a Shell, acusadas de poluir sua água potável com combústivel contendo 2.000 vezes o nível permitido do éter metil-butílico. O processo ainda acusa as refinarias de saberem desde o início sobre os perigos da atidivo, mas teriam continuado utilizando-o por ser a alternativa mais barata. No pais, haveiram outros 150 processo semelhantes a espera de decisão juticial. As refinarias, por sua vez, protestam inocência, argumentando que o uso do aditivo oxigenante foi determinado por lei federal. Elas, mesmo assim, estão fazendo tudo que está a seu alcance para vedar os tanques com vazamento. Para os ambientalistas, isto não basta. Tanto o governo como as refinarias estariam agindo muito lentamente na despoluição das terras contaminadas com o éter-metil butílico terciário. Ainda que, não existam estudos definitivos, acredita-se que, além do cheiro de aguarrás, este aditivo da gasolina pode causar irritações de pele e distúrbios gastro-intestinais.