Litoral brasileiro à beira do caos, alerta pesquisadora
2004-11-05
— O litoral brasileiro nunca sofreu tanta pressão e a opinião pública não está consciente das conseqüências desse processo. Estamos à beira do caos. A frase é da pesquisadora Tânia Mascarenhas Tavares, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), uma das maiores especialistas brasileiras em poluição. Coordenadora do Programa de Recursos Costeiros e Hídricos da Avina (www.avina.net), a especialista acredita que essa alienação da comunidade advém da falsa impressão de que os recursos marinhos são infinitos. — Isso é falso. Muitos recursos costeiros, como certas espécies de crustáceos e peixes, já estão esgotados ou perto disso, afirma Tânia, salientando que o litoral, o mar, é onde tudo termina, onde a maioria dos rios deságua e, com eles, vai toda sorte de dejetos poluentes.
O peso do esgoto
Para o pesquisador Milton Asmus, da Fundação Universidade Federal do Rio Grande (FURG), a poluição orgânica, resultado da ocupação desordenada da costa, é, se não o maior, um dos mais graves problemas ambientais do País. Asmus é o delegado internacional da Agência Brasileira de Gerenciamento Costeiro, que reúne dezenas de cientistas focados no estudo do litoral brasileiro, uma área cujas atividades são responsáveis por nada mais do que 70% do PIB do País. Para muitos, a verdadeira locomotiva do Brasil. Parte desses pesquisadores, ao lado de especialistas europeus, estarão reunidos entre os dias 16 e 19 de novembro, na Bahia, no Encontro Nacional de Gerenciamento Costeiro. O evento marca os 15 anos da implantação da Política Nacional de Gerenciamento Costeiro - criada com o objetivo de implantar ações que evitem ou minimizem os inúmeros problemas enfrentados por essa que é a região mais conflituosa do País.