The New York Times critica posição do governo sobre usina nuclear
2004-11-03
O jornal americano The New York Times publicou a reportagem assinada pelo correspondente no Brasil, Larry Rohter, que poderá gerar nova polêmica. Com a manchete Se o Brasil quer assustar o mundo, está conseguindo, o correspondente critica a posição do governo federal de restringir a inspeção de especialistas da Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea) na fábrica de enriquecimento de urânio de Resende, no Rio. No texto, Rohter questiona a posição do país de entrar em uma disputa com a Aiea que, segundo ele, é acusada pelos americanos e outros especialistas nucleares de ser um infrator nuclear cujas ações ajudaram países instáveis como Coréia do Norte e Irã. Rohter sustenta que desde que começou a cumprir o Tratado de Não-Proliferação Nuclear em 1997, o Brasil resiste em permitir que inspetores tenham livre acesso a uma instalação secreta de enriquecimento de urânio. O jornalista menciona artigo da revista Science que acentuaria a controvérsia, ao revelar que planta daria ao Brasil a capacidade total de produzir material fissionável para seis ogivas nucleares por ano. Na reportagem, Rohter afirma que a alegação foi considerada fantasiosa pelo governo. Apesar de grifar que não está afirmando que o Brasil está tentando construir uma bomba atômica, o jornalista expressa a preocupação de que o país poderá exportar urânio enriquecido, ou tecnologia, que poderão terminar nas mãos de Estados instáveis ou terroristas. Segundo ele, nos anos 80 o Brasil teria enviado secretamente urânio e assistência técnica ao Iraque. Rohter afirma que para as pessoas de fora do país a resistência do Brasil às inspeções não faria sentido. O jornalista argumenta que o mundo estaria inundado de urânio processado, e o programa brasileiro teria consumido US$ 1 bilhão, que poderiam ter sido utilizados para sanar a pobreza. (ZH, 02/11)