Equador promove fundo mundial para conservar ilhas Galápagos
ilhas galápagos
2004-11-03
O Equador quer criar um fundo com contribuições internacionais para conservar os ecossistemas das ilhas Galápagos, informou na quarta-feira (27/10) o ministro equatoriano do Meio Ambiente, Fabián Valdivieso. No arquipélago, declarado Patrimônio da Humanidade pela ONU - Organização das Nações Unidas, confluem os interesses do turismo, dos pescadores e da proteção do meio ambiente, e a iniciativa tem como objetivo harmonizá-los melhor.
— Queremos mudar a mentalidade em relação a Galápagos, que até agora era a mentalidade de bombeiro, de apagar incêndios. Queremos uma visão de longo prazo, disse Valdivieso aos jornalistas em Washington. O fundo precisaria de contribuições estrangeiras no valor de cerca de 100 milhões de dólares em cinco anos, frente aos 64 milhões recebidos no mesmo período para projetos específicos até agora, de acordo com o ministro, que está viajando pelos Estados Unidos para promover a idéia. Seu governo pretende ter pronto até o final de 2004 um plano que sirva como base para a iniciativa e realizar uma reunião de doadores no Equador em meados de 2005. — Com isso, se eliminaria o sistema de projetos individuais, não coordenados e às vezes opostos, explicou Valdivieso.
O Fator Político
As ilhas Galápagos ficam em um ponto do oceano Pacífico, a mil quilômetros do continente americano, no qual confluem três correntes marinhas, que lhe conferem uma diversidade biológica extraordinária. Inicialmente despovoado, o arquipélago ficou famoso porque o estudo de sua flora e fauna serviu de base ao cientista britânico Charles Darwin para elaborar sua teoria da evolução das espécies, que divulgou em meados do século XIX. Mas o conflito em torno das 125 ilhas e ilhotas de origem vulcânica que compõem o arquipélago não se limita ao âmbito científico. Em setembro, os 300 guardas do Parque Nacional de Galápagos, que compreende 97% da terra firme das ilhas, se declararam em greve por duas semanas para exigir a destituição do recém-nomeado diretor da instituição, Fausto Cepeda. Os guardas acusaram o governo de tentar politizar a administração do parque e favorecer os pescadores, que querem o relaxamento das restrições à pesca na reserva. — O diretor do parque é um personagem nas ilhas, disse Valdivieso, que reconheceu que há pressões para ocupar esse cargo. (Terra 28/10)