Projeto de desenvolvimento sustentável beneficia mulheres do Cerrado
2004-10-27
Dezenas de mulheres do Assentamento Andalucia, no município de Nioaque, no Cerrado de Mato Grosso do Sul, comemoram os resultados do suor de meses de trabalho. Elas produziram, tecendo fio a fio, nó após nó e trança após trança, quatro mil bolsas de algodão cru que serão distribuídas juntamente com o kit V Fórum Brasileiro de Educação Ambiental para os inscritos no evento. O dinheiro das bolsas será revertido para as assentadas e para o Centro de Produção, Pesquisa e Capacitação do Andalucia (Ceppec), uma iniciativa criada por um grupo de famílias do assentamento que trabalha com o desenvolvimento sustentável.
Gestão Ecológica
No assentamento várias famílias que participam do projeto Produção Sustentável e Capacitação também aprenderam a coletar sementes, produzir e plantar mudas nativas através de um curso de gestão dos recursos naturais. As famílias tiveram capacitação para o usufruir dos benefícios de espécies nativas. Com o Jatobá, aprenderam a fazer farinha, biscoitos e bolos, além de utilizar as sementes para ornamentar as peças de tecelagem, transformando-as em botões de bolsas e detalhes de tapetes. Do cumbaru, os assentados produzem hoje amêndoas, doces e biscoitos e do Pequi é feito licor e alimentos. O curso de tecelagem tornou-se uma importante meta do projeto e teve produção de peças a partir de fios de lã e anafaia (subproduto da seda), tingidos com tinta natural extraída de espécies vegetais do Cerrado e outras como a erva mate. Com 14 teares, 20 tecelãs e produção diária, o comércio dos produtos rendeu R$ 22 mil, no período de agosto de 2002 a outubro de 2003, afirma a bióloga Rosane Bastos, coordenadora do projeto.
Centro de Pesquisa
As ações para promover o assentamento como modelo de desenvolvimentos sustentável na região resultaram ainda na construção da sede do Centro de Produção, Pesquisa e Capacitação do Andalucia (Ceppec). O centro visa fortalecer a geração alternativa de renda das famílias e possui uma cozinha industrial onde serão produzidas receitas com frutos do Cerrado, sala de capacitação e biblioteca com computador que foi doado pela Rede de Sementes do Pantanal-UFMS. Além da preocupação em estimular o protagonismo e a geração de renda para mulheres assentadas, o projeto também inclui os homens e jovens nas ações de extrativismo sustentável de áreas do Cerrado do assentamento e em ações de turismo rural. O assentamento Andalucia é resultado de uma luta pela conquista da terra que durou cerca de cinco anos. Localizado no município de Nioaque-MS, a 220 km de Campo Grande (MS), foi instalado pelo Incra em 1997. Cerca de 700 pessoas de 166 famílias receberam lotes nos limites da Serra de Maracaju, uma importante área ecológica no Estado de Mato Grosso do Sul, nas bordas do Pantanal Mato-Grossense.