Energia proveniente da floresta é destaque em congresso
2004-10-26
A energia gerada a partir da madeira foi um dos temas principais debatidos no Congresso Internacional de Bioenergia encerrado na quinta-feira 21, em Campo Grande (MS). Segundo Laércio Couto, coordenador técnico do evento e presidente da Rede Nacional de Bioenergia (Renabio), a biomassa produzida em florestas de eucalipto e pinus é alternativa crescente às indústrias, seja na forma de cavacos de madeira que geram eletricidade e vapor, seja na forma de carvão vegetal para alimentar siderúrgicas. É uma resposta à necessidade de substituir a energia fóssil - não renovável e causadora do aquecimento global. A Itália, por exemplo, tem um programa de substituição de energia fóssil por biomassa. A ICL italiana, empresa que autua no setor elétrico nesse país, demanda 2,5 milhões de cavacos por ano, informa Couto. A questão é se estas florestas brasileiras de curta geração (cortadas a cada três anos) serão um fator de desmatamento de florestas nativas de forma a atender a demanda crescente de madeira. Couto rechaça a idéia e explica que estas florestas são em geral plantadas em pastos degradados: áreas em que, por falta de manejo adequado, a cobertura não é mais fértil ao plantio de gramíneas para alimentar o gado. Já as arvores se desenvolvem porque as raízes buscam nutrientes em camadas mais profundas ao solo. Além disso, os avanços genéticos na produção de mudas permitem que se obtenha mais madeira em menor área. Mas se o gado ainda não abandonou as áreas degradas e empurra o pasto na direção das matas nativas, como ocorre na Amazônia? A alternativa, diz Couto, é a prática da agrossilvicultura: plantio de grãos, de florestas de curta geração e de criação de gado em uma só área - prática comum em vazante (MG). (Carta Capital, 25/10, 50)