Mudança climática ameaça os mais pobres no mundo
2004-10-25
Agentes do governo britânico e instituições de ajuda humanitária reconheceram formalmente, na semana passada, que a mudança climática é mais sério problema para os pobres de todo o mundo. Em um novo relatório sobre os efeitos da mudança climática em nações em desenvolvimento, a Up In Smoke, uma coalizão de 18 grupos de ajuda, que inclui instituições como Greenpeace e Amigos da Terra, concordaram que o aquecimento global poderia pôr por terra os desenvolvimentos tecnológicos obtidos nos últimos 50 anos e que o países mais pobres são os que sofreriam mais. Esta foi uma mudança significativa na posição desses movimentos em relação ao desenvolvimento, que considerava o meio ambiente uma preocupação secundária para o desenvolvimento de países pobres, se comparada às pressões econômicas para reverter a pobreza na África e em outras regiões. Mas as agências disseram ontem que elas não poderiam mais ignorar as evidências de que o aquecimento global tem tido efeito direto sobre os países mais pobres do mundo. Os modelos de chuvas estão se modificando, está havendo secas severas e, em particular, estão ocorrendo eventos climáticos severos que atingem a produção de alimentos, o abastecimento de água e a saúde pública de populações inteiras. O relatório escrito por Rajendra Pachauri, executivo do Painel de Mudanças Climáticas das Nações Unidas, ressalta que o furacão Mitch que devastou a América Central em 1998, ou as cheias de Bangladesh, na Índia, em 2004, mostram o perigo agora presente para muitos. O conselheiro da organização ambientalista Oxfam Antonio Hill destacou que o assunto mudança climática não é mais uma questão apenas científica, mas de ciências sociais, e que as agências que atuam na linha das ciências sociais devem incluí-lo em suas pautas. (The Independent 24/10)