Ele é considerado o bispo mais ecológico da Grã-Bretanha nos últimos 30 anos. Tem batalhado por causas ambientais sem cessar. Mas agora, o reverendo Hugh Montefiore, ex-bispo de Birmingham, foi praticamente expulso dos quadros do Friends of the Earth (FoE), ou Amigos da Terra, por dizer, publicamente, que, para lutar contra o aquecimento global, é necessário envolver o uso da energia nuclear. O religioso, um dos mais célebres da Igreja da Inglaterra, foi considerado confiável pela FoE durante duas décadas, e conduzido como membro da ONG de 1992 a 1998. Mas num extraordinário contexto, ele foi forçado a romper os vínculos com a organização após ter escrito um artigo sobre mudança climática para o tablóide semanal Catholic. Neste artigo, Montefiore diz que os perigos do aquecimento global são maiores do que outros que estamos enfrentando no planeta e que a solução é aumentar o uso da energia nuclear. A energia nuclear não produz dióxido de carbono (CO2), que vem do carvão e das estações movidas a petróleo e seus derivados, que são os principais causadores do aquecimento global. Ao escrever isto, o bispo torna-se a segunda maior figura de prestígio a advogar um passo radical no aprofundamento do movimento ambientalista, que se opõe ao uso da energia nuclear como se fosse uma questão de fé. O primeiro a defender publicamente a energia nuclear como alternativa ao aquecimento global foi James Lovelock, o pai da hipótese Gaia, segundo a qual a Terra comporta-se como um organismo vivo. Em maio, Lovelock escreveu para o jornal The Independent um artigo em que argumenta que não há mais tempo para recorrer a formas alternativas de energia como a eólica ou a solar a fim de combater o aquecimento global. Segundo ele, apenas a grande expansão do uso da energia nuclear poderia ser uma rota alternativa ao desastre causado pela mudança climática. O artigo do bispo Montefiore vai na mesma direção. (The Independent 24/10)