EPA comprova risco de contaminação dos transgênicos
2004-10-22
E. San Martin de Nova York
Um estudo preliminar da Agência de Proteção Ambiental (EPA) dos Estados Unidos acaba de constatar que o risco de contaminação da agricultura orgânica pela biogenética é um problema real. Cientistas da Enviroment Protection Agency demonstraram que os poléns de um tipo de grama modificado para resistir a pesticidas contaminaram gramíneas selvagens a 25 quilômetros da origem. Além de se deslocarem uma distância até então considerada impossível, estes genes podem causar o desenvolvimento de inço e ervas daninhas resistentes aos herbicidas convencionais. — Isto representa uma nuvem de pólens indesejáveis pairando sobre a cadeia de produção alimentar, segundo um porta-voz do grupo de pressão pró-agricultura orgânica União de Cientistas Preocupados.
Presença indesejável
A suspeita do risco de polinização da agricultura orgânica por sementes geneticamente modificadas de plantações vizinhas existe desde o ano 2000. Na época uma nova espécie de milho modificado em laboratório para mistura com ração animal (mas banido para uso em alimento humano) foi detectada em tacos e tortillas vendidas no varejo dos Estados Unidos. Também foram encontrados traços de outra espécie de milho desenvolvido exclusivamente para uso farmacológico em grãos de soja. Na época, estes incidentes foram considerados inconclusivos e sem efeito prejudicial à qualidade dos alimentos. Agora, surgem as primeiras provas conclusivas sobre os perigos do convívio das duas culturas. No estudo Genetically Modified Planet, o professor Neal Stewart, da Universidade do Tennessee, estabeleceu o impacto ambiental das plantas biotecnológicas.
Perigos
Desde a introdução das primeiras culturas geneticamente modificadas, destacam-se dois fatores complexos e prejudiciais à flora de crescimento espontâneo. Um é a contaminação de genes de uma mesma planta usada para múltiplos fins, como a canola, que tem sua espécie natural como fonte de óleo vegetal para consumo alimentar e uma espécie modificada para produção de lubrificante industrial, que é altamente nociva à saúde. O outro grande perigo constatado por Stewart risco é o enfraquecimento das culturas pelo surgimento de espécies mutantes. Ervas criadas em laboratório pela mescla de genes de múltiplas origens revelaram-se muito mais débeis do que as naturais. Na cadeia produtiva, esta polinização de essenciais naturais por genes de espécies modificadas ainda tem outras implicações de ordem econômica e legal. A Organic Farming Research Foundation da Califórnia, diz que vários pequenos produtores perderam a certificação de agricultura orgânica daquele estado devido a contaminação por poléns transgênicos de plantações vizinhas. No Canadá, o problema já foi parar na Justiça. Os produtores de Saskatchewan abriram processos exigindo indenização de corporações como a Bayer e a Monsanto, que mantém centros de pesquisa biogenética na região. Para proteger e limitar as perdas dos agricultores orgânicos, o senador democrata e candidato à presidência dos Estados Unidos sugeriu a criação de um seguro contra contaminação por organismos geneticamente modificados.