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2004-10-18
Índios caingangues e guaranis planejam implantar aldeias indígenas em três áreas de mata nativa encravadas no coração da Grande Porto Alegre. O Parque Natural do Morro do Osso (na Capital), o Parque Estadual de Itapuã (em Viamão) e a Ponta da Formiga (floresta da Aracruz Celulose em Barra do Ribeiro) estão na mira dos índios porque seus antepassados teriam habitado esses locais. Para não deixar dúvidas, os indígenas acamparam em frente aos dois parques e fazem incursões de canoa, em busca de mel no bosque particular em Barra do Ribeiro. A situação mais tensa ocorre no Morro do Osso, verdejante recanto habitado por macacos e aves ameaçadas de extinção, na zona sul de Porto Alegre. Desde abril, 70 caingangues acamparam no meio da Rua Professor Padre Werner, exigindo que o parque seja transformado em aldeia indígena. Três associações de moradores se revoltaram, e a animosidade entre índios e brancos é crescente. - Os brancos podem reclamar o quanto quiserem. Daqui a gente não sai nem morto. Essa terra é nossa - resume a caingangue Lurdes, xamã (líder religiosa) do grupo. Muitos caingangues são dissidentes de um grupo que ocupa uma área doada pela prefeitura na Lomba do Pinheiro. A dissidência também foi o motivo para que um grupo de guaranis oriundo de Viamão se instalasse próximo ao Parque de Itapuã. Quando perdem disputas, muitos índios tratam de buscar outras terras, mesmo que ali já existam ocupações urbanas ou parques - como ocorre nos três casos da Grande Porto Alegre.

Os alvos dos índios não surgiram ao acaso. Já em 1996, um seminário montado com apoio do Conselho Indigenista Missionário (Cimi, ONG ligada à Igreja Católica) decidiu apoiar a retomada de antigas áreas indígenas. Com auxílio de integrantes da Associação Brasileira de Antropologia, foram investigados 22 supostos redutos guaranis e seis deles transformados em campo de luta. O mesmo foi feito em sete grandes áreas caingangues, que acabaram ocupadas seguidas vezes pelos índios. A articulação ganhou impulso em abril, quando índios de 28 nações ocuparam o plenário da Câmara, em Brasília, e acamparam em frente ao Palácio do Planalto. Eles exigiram do governo federal identificação e delimitação de 16 terras que teriam pertencido a indígenas, mas ainda não reconhecidas pelo governo. Destas, três são parques florestais no Rio Grande do Sul - justamente as três visadas na Grande Porto Alegre.

Os que acreditam ser impensável transformar redutos ambientais da Região Metropolitana em aldeias deveriam observar o que ocorreu no norte gaúcho. Caingangues e guaranis receberam de volta nove áreas que totalizam 37,7 mil hectares. Isso foi feito ao amparo da Constituição de 1988, como forma de ressarci-los por terem sido expulsos de terras demarcadas no início do século 20 por sucessivas ações de reforma agrária. Os índios pressionam para obter outros 45 mil hectares. Não falta amparo de especialistas aos índios. Desde 1983 ligado aos guaranis, o indigenista Inácio Kunkel, filósofo especializado em Antropologia, assegura que Itapuã e a Ponta da Formiga foram redutos guaranis. Kunkel, que ajudou a identificar em 1996 o listão com 22 áreas guaranis no Estado, acredita que os três sítios na Grande Porto Alegre devem, no mínimo, ser investigados pelo governo federal com vistas a uma possível retomada pelos índios. - São lugares sagrados para eles - resume Kunkel, funcionário da Secretaria Estadual de Agricultura. Pois a origem sacra do território é o argumento que o cacique guarani Turíbio Nhê-Gatu Gomes usa para reivindicar direitos sobre o Parque Estadual de Itapuã. Essa área de 5,9 mil hectares é uma das reservas ambientais mais bem estruturadas no Rio Grande do Sul, graças a uma política que inclui a cobrança de ingressos para a manutenção. Líder dos 35 índios acampados num terreno estadual no entorno do parque, Turíbio quer transformar o provisório em permanente - tanto que botou uma placa no terreno onde pode se ler Reserva Indígena (na realidade, ela inexiste). Ele diz que, se não puderem circular no parque, vão tentar retomá-lo. - A gente quer um pedaço do parque, pelo menos. Lá tem mato, tem peixe. Por que deixam tudo ali tão vazio, se o índio não tem para onde ir? - questiona, de olho na bela área emoldurada pela Lagoa dos Patos. O sonho do cacique pode não estar distante. A Fundação Nacional do Índio confirmou a Zero Hora que grupos de trabalho investigarão a tradição indígena nas três áreas da Grande Porto Alegre. (ZH, 17/10)

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