Detectado contrabando de madeira brasileira na Espanha
2004-10-18
A Guarda Civil espanhola interceptou mais de 33 toneladas de jacarandá (Dalbergia nigra), espécie em risco de extinção, correspondentes a umas mil árvores, na Operação Palo, em que estavam implicadas seis pessoas relacionadas à comercialização de instrumentos musicais, sobretudo guitarras. A operação desenvolveu-se nas províncias de Madri, Cuenca, Granada e Valência, onde a Guarda Civil realizou inspeções em 21 empresas e estabelecimentos de produção e venda de instrumentos musicais. A madeira apreendida em Palosanto de Río é procedente da Mata Atlântica brasileira, ela foi retirada ilegalmente e contrabandeada para a Espanha como sendo de outra espécie, sendo avaliada em mais de 3 milhões de euros. O jacarandá está listado no Anexo I da Cites -Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas, o que significa que sua extração e comércio estão proibidos. A carga ilegal foi exportada através do porto de Vitória (ES). O jacarandá é uma madeira valiosa procedente da Mata Atlântica brasileira, nas florestas úmidas do sul da Bahia e norte do Espírito Santo. Os agentes espanhóis desarticularam, com esta operação, uma das maiores redes de importação, elaboração e distribuição de Palosanto de Río, informou o Comando da Guarda Civil de Madri. A madeira pertencia à espécie Dalbergia Nigra, estando incluída no Apêndice I de proteção de espécies ameaçadas de extinção sob a Convenção de Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas (CITES). O comércio, a exposição, a compra e a venda deste tipo de madeira estão proibidos desde 1992. A madeira era trasladada do Brasil para a Espanha, onde três importantes empresas dedicadas à manufatura madeireira recebiam a carga e a distribuíam a seus clientes, alguns deles localizados nas províncias de Madri, Cuenca, Granada e Valência, assim como em países como Estados Unidos, Alemanha, Japão e Canadá. O Greenpeace, a Fundação SOS Mata Atlântica, o GAMBA - Grupo Ambientalista da Bahia e a Rede de ONGs Mata Atlântica, representando 256 entidades civis, enviaram carta ao governo brasileiro pedindo a devolução imediata da madeira ao Brasil. Na carta, as ONGs também pediram que o governo determine uma investigação nos portos tradicionalmente usados para a exportação de madeira para impedir o contrabando da espécie. — É evidente que o governo brasileiro não está implementando os mecanismos de controle exigidos pelas leis internacionais, disse Paulo Adário, coordenador da campanha da Amazônia, do Greenpeace. — O contrabando de madeira é uma grave violação ao tratado CITES, além de tratar-se de evasão de divisas e falsificação de documentos. É inaceitável que a biodiversidade brasileira fique à mercê da histórica incapacidade operacional das autoridades portuárias e do Ibama. (El Mundo, Greenpeace 13/10)