Seminário discute gestão e controle do aqüifero Guarani
2004-10-15
A Comissão Parlamentar Conjunta do Mercosul, com o apoio do Ministério do Meio Ambiente, iniciou ontem o seminário internacional Aqüífero Guarani - Gestão e Controle Social. O encontro, que está sendo realizado em Foz do Iguaçu, no Paraná, tem como objetivo discutir propostas para o aproveitamento viável das reservas de água subterrâneas de uma área que abrange estados das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil, além dos vizinhos Paraguai, Uruguai e Argentina.
Com cerca de 48 mil quiilômetros cúbicos, o lençol tem capacidade suficiente para abastecer toda a população atual do país por cerca de 3.500 anos. O aqüifero, no entanto, segundo pesquisadores, pode ficar ameaçado por falta de políticas de proteção e capacidade de fiscalização do Estado.
Ação emergencial
Para o deputado Doutor Rosinha (PT-PR), presidente da Comissão Parlamentar Conjunta do Mercosul no Brasil, o encontro pode representar o início de uma ação emergencial entre os governos dos quatro países beneficiados pelo aqüífero.
Formação dos aqüíferos
Os aqüíferos são resultado de milhões e milhões de anos de acúmulo de água em fendas, áreas arenosas ou rochas calcárias no interior da terra. Em muitos casos, as camadas entre o lençol e a superfície acabam criando filtros naturais, tornando a água própria para consumo humano, sem necessidade de outros tratamentos. Além de também servir para a irrigação, em algumas regiões do país, o aqüífero Guarani apresenta graus elevados de temperatura, podendo chegar a 45°C, gerando importante potencial turístico. Cerca de 70% do reservatório subterrâneo está em território brasileiro.
Propriedade sobre a água
Segundo Dr. Rosinha, tantas qualidades despertam o interesse de países de fora do Mercosul. —Isso eu acho um absurdo. Quero ver países como os Estados Unidos, por exemplo, declararem o petróleo um bem da humanidade, mas querem declarar a água. Isso rompe com toda a soberania nacional. Todos os países têm sua soberania e ela tem que ser respeitada. O seminário termina hoje (15/10), com a elaboração de documento com todas as propostas apresentadas durante o encontro, que conta com a participação de parlamentares, representantes de governos, técnicos e ambientalistas.