Meio ambiente fora da agenda eleitoral dos EUA
2004-10-13
Por Eduardo San Martín, de Nova York
As eleições presidenciais dos Estados Unidos de 2 de novembro próximo continuam num empate técnico entre o republicano George W. Bush e o democrata John Kerry, mas já estabeleceram o grande perdedor no debate eleitorial: o meio ambiente. A duas semanas do pleito, o tema vem sendo ignorado, mesmo sendo a esposa do candidato democrata, Teresa Heinz Kerry, uma das grandes damas do ambientalismo nos EUA.
Peso Verde
Com a ecologia fora da agenda, o principal prejudicado é Ralph Nader, o candidato do Partido Verde, que está enfrentando grandes dificuldades para obter as assinaturas necessárias para ter seu nome incluído nas cédulas de votação da maioria dos estados. Nader, que se tornou nacionalmente conhecido como diretor do Escritório de Defesa do Consumidor na década de 80 e 90, conta com apoio de alguns senadores de destaque, como o republicano John Mccain de Arizona, mas os eleitores do Green Party parecem mais interessados em apoiar o democrata John Kerry. Isto se justifica. Na eleição presidencial de 2000, a projeção nacional do Partido Verde fez com que Nader recebesse os votos que faltaram a Al Gore para vencer no estado da Flórida, que garantiu a vitória de Bush.
Agravante
Outro agravante é a atitude tida como predatória e anti-ambientalista do governo ambiente do presidente Bush. Assim que chegou ao poder, em maio de 2001, através da Ordem Executiva 13212, a Casa Branca lançou um Plano Energético, prevendo a extração de gás natural das Rocky Mountains, apesar do custo ambiental que teria. Este plano foi implementado, em detrimento da qualidade da água, do ar e grande risco para flora e fauna de matas e terras virgens do vale do estado de Wyoming, uma reserva natural de sete milhões de acres. Pior ainda, agora, nas vésperas da eleição, o governo suspendeu o projeto, devido a seu alto custo e produção de gás natural muito abaixo da esperada. Por estas e por outras, o professor Paul Ehrlich, da Universade de Stanford, um renomado e demógrafo e veterano ambientalista, disse que, para evitar maiores catástrofes ambientais a longo prazo, é preciso agir agora. — Obviamente, para evitar a colisão dos Estados Unidos com as forças natureza, é preciso uma solução a curto prazo, que começa com a retirada de George Bush do governo. Enrlich desenvolveu o tema na sexta-feira passada, em palestra na College University of New York, quando lançou o livro Política, Consumo e o Futuro da Humanidade.