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2004-10-13
Resumo: Esta pesquisa identifica e analisa as relações entre os aspectos básicos que determinam as estruturas organizacionais – sob a ótica de Henry Mintzberg – e indicadores de desempenho operacional das Organizações Não-Governamentais do Estado de São Paulo. Subsidiariamente, analisa o relacionamento entre estruturas organizacionais e área de atuação, idade, tamanho e composição das receitas. Os aspectos básicos representam os parâmetros de design e os fatores situacionais. Os indicadores de desempenho são analisados sob os aspectos quantitativos e qualitativos. Os indicadores quantitativos aplicados foram: índice de aplicação de recursos na atividade meio, índice de aplicação de recursos na atividade fim, produtividade de mão-de-obra e produtividade de capital.

Quanto aos qualitativos, identificam-se os principais fatores com os quais as entidades pesquisadas estão comprometidas no sentido de satisfazer os beneficiários na prestação dos serviços. Realizou-se uma pesquisa de campo, dentro de uma abordagem hipotético-dedutiva, envolvendo 34 entidades ligadas à Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais, por meio de um roteiro para condução de entrevistas. Detectou-se, na análise do conjunto das ONGs, três arranjos organizacionais predominantes – burocracias profissionais, adhocracias e estruturas missionárias – e, na análise de cada ONG, uma ausência de configurações puras, sugerindo três conjeturas: presença de estruturas híbridas; transições estruturais; uma configuração não contemplada na tipologia original de Mintzberg. Verificou-se que a maior parte dos recursos financeiros é aplicada na atividade fim e que predominam baixos índices de produtividade de mão-de-obra e de capital, independentemente da metodologia adotada. Observou-se que ‘identificar as necessidades dos usuários e manter um relacionamento com polidez e respeito’ são os dois principais fatores de qualidade.

Constatou-se que todos os tipos organizacionais estão relacionados com entidades pequenas e jovens. Verificou-se que entidades próximas de burocracias profissionais encontram-se relacionadas às áreas de educação/pesquisa e discriminação racial e de gênero e que a maior parte de seus recursos origina-se de agências de cooperação internacional; ONGs próximas de adhocracias estão associadas às áreas sócio-ambiental e defesa de direitos e apresentam maior diversificação de fontes de recursos; e ONGs próximas de estruturas missionárias estão relacionadas à defesa de direitos e obtêm a maior parte de seus recursos de agências governamentais. Observou-se que entidades próximas de burocracias profissionais apresentam melhores indicadores quantitativos de desempenho, enquanto que, por outro lado, aquelas próximas de adhocracias associam-se com piores indicadores quantitativos de desempenho; entidades próximas de estruturas missionárias apresentam indicadores de desempenho intermediários aos alcançados pelos dois outros arranjos organizacionais. Os resultados demonstram que entidades próximas de burocracias profissionais alcançam melhores indicadores de desempenho, rejeitando a hipótese de que ONGs próximas de estruturas missionárias sejam as que apresentem melhores indicadores de desempenho. Sugere-se a realização de estudos que verifiquem qual das três conjeturas acerca das estruturas organizacionais em ONGs pode ser corroborada.
Instituição: Universidade de São Paulo (USP).
Autor: Anderson Braga de Aguiar.
Contato: e-mail andsonbraga@yahoo.com.br.

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