O Instituto Brasileiro de Crisotila, organização civil que congrega trabalhadores, empresários e governo para o aprimoramento técnico-científico da exploração e industrialização do mineral lançou ontem (06/10), na sede da Confederacao Nacional da Indústria em Brasília, uma campanha nacional sobre o produto. Curiosamente o nome da campanha é: Respeitando a vida, fazendo o Brasil crescer. Criada pela Asa Comunicação de Belo Horizonte, a campanha começa a ser veiculada na noite de hoje nas principais emissoras de rádio e TV e nos maiores jornais e revistas do país. Serão utilizados ainda 600 out-doors espalhados pelas ruas das principais capitais, a partir do dia 9.
70 anos de Brasil
Presente na vida dos brasileiros desde 1930, o amianto Crisotila tem seu uso altamente regulamentado no Brasil. O mineral participa com cerca de 10% da composição do fibrocimento, e fica encapsulado em 90% de cimento, resultando num produto leve, resistente e altamente durável, usado largamente na construção civil.
Importância econômica
O Brasil é o quarto produtor mundial de Crisotila, único tipo de amianto de uso industrial regulamentado pela Organização Internacional do Trabalho. A cadeia produtiva do mineral, cuja mina brasileira está localizada no município de Minaçu, Goiás, gera recursos de mais de R$ 50 milhões anuais em impostos e royalties. Cerca de 60% da produção nacional é exportada, com faturamento médio anual de US$ 35 milhões. O consumo interno é de 150 mil toneladas/ano, dos quais 90% são destinados à fabricação de telhas, caixas d água, que são utilizadas na construção civil, sendo produzidos no Brasil por 12 empresas de médio e grande porte, que movimentam a cadeia produtiva do mineral, com o consumo anual de 1 milhão de toneladas de cimento, para a produção de 1,7 milhão de toneladas de produtos para a construção civil. A maioria dos telhados brasileiros (70%) é feito com telhas de fibrocimento, que são 25% mais baratas que as telhas cerâmicas. Além disso, as telhas de fibrocimento chegam a cobrir vãos com apoios entre 1,15m até 7,0m, o que diminui o uso de madeiramento e, conseqüentemente, o corte de árvores.
Controle ambiental
As regulamentações nacionais e internacionais para exploração do amianto Crisotila estabelecem limites máximos de exposição e normas de segurança técnica que, no Brasil, são rigorosamente cumpridas pela SAMA Mineração de Amianto, que explora a mina de Cana Brava, localizada em Minaçu, estado de Goiás, e pelas 18 empresas responsáveis pela sua industrialização, situadas em todo o Brasil. A mina, descoberta em 1967, produz 240 mil toneladas/ano e deu auto-suficiência ao país, que dependia totalmente da importação do amianto. Além de abrir o mercado de exportação do produto, com vendas para 20 países, a mina contribui para o desenvolvimento do estado de Goiás e da pequena Minaçu, que na década de 60 era uma comunidade com menos de 10 famílias. Hoje, a cidade tem 32 mil habitantes vivendo em torno da mineradora, que investe cerca de R$ 500 mil/ano em ações sociais, de educação, lazer, cultura, esporte, inserção social e geração de emprego para a comunidade. Na área de meio ambiente a mineradora investe cerca de R$ 130 mil no controle da emissão de partículas poluentes, educação ambiental e preservação da mata nativa de Cana Brava, de 2.500 hectares. A empresa é a primeira mineradora do mundo a receber as certificações ISO 9002 - Gestão de Qualidade no Processo de Produção - e ISO 14001 - Gestão Ambiental - concedidas pela Det Norske Veritas (DNV).
Ambientalistas indignados
Para os grupos ambientalistas o surgimento de uma campanha do tipo defendendo o uso do amianto é um dos efeitos da indecisao do governo em de fato encaminhar uma solucao política para os passivos do mineral em nível nacional. — É uma ousadia fazer uma campanha de promoção de um reconhecido cancerígeno para os seres humanos, o amianto ou asbesto, que fere, no nosso entender, o código do direito do consumidor, argumentou Fernanda Giannasi, coordenadora da Rede Virtual-Cidadã pelo Banimento do Amianto na América Latina