Serra gaúcha reflete o futuro da água
2004-10-06
Integrando as comemorações da Semana Interamericana da Água, a cidade gaúcha de Caxias do Sul realiza sua 11ª edição do evento com uma programação intensa de eventos dirigidos para crianças, adultos e terceira idade, incluindo desde a benção das águas, limpeza de represas, repovoamento de alevinos, mostras e oficinas de arte, concurso de fotografias e debates, entre outros. A formação de uma Aguateca pretende reunir referencial teórico sobre os recursos hídricos e também sobre a sustentabilidade do meio ambiente.
O empenho na conscientização sobre a necessidade de preservar os recursos hídricos se justifica especialmente na região. Localizada em topo de serra, a 760m do nível do mar, e situada sobre um divisor de águas de duas bacias hidrográficas, a cidade de cerca de 400 mil habitantes produz mensalmente algo em torno de 1,5 bilhão de litros de esgotos, dos quais apenas 8% é tratado. A parte maior é encaminhada para fossas sépticas ou rede pluvial. Soma-se a isto a contaminação industrial de um dos maiores pólos metal-mecânicos do país, com emissões para o meio - ainda que ilegais - de efluentes altamente tóxicos.
O resultado é a poluição de praticamente todos os arroios no entorno do município. Arroios que alcançam os rios Caí e Antas, cujo fim de percurso é o Lago Guaíba que circunda a capital gaúcha com água poluída, apesar de espelhar um belíssimo pôr-de-sol.
Como Caxias do Sul está afastada de grandes mananciais e o abastecimento público precisa ser através do represamento de pequenos arroios, a disponibilidade da água potável está cada vez mais distante, inclusive geograficamente. A região apontada como futura bacia de captação – localizada na região dos campos de cima da serra – vem sendo invadida nos últimos cinco anos por produtores de hortaliças adeptos da agricultura mecanizada e dos agrotóxicos. (EcoAgencia, 05/10)