A China, após ter se comprometido a dar sua aprovação para o acesso da Rússia à Organização Mundial do Comércio (OMC), aguarda impaciente a decisão final de Moscou sobre o destino do oleoduto siberiano, uma opção para solucionar sua pior crise energética. A demora da decisão russa ocupou segunda-feira (04/10), a capa do jornal governista China Daily depois da visita a Moscou do primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, na semana passada e à espera da chegada à China do presidente russo, Vladimir Putin, em novembro. Wen declarou ao jornal que, apesar de ambos os países terem se comprometido a aumentar sua cooperação em matéria de petróleo e gás, o governo russo ainda não anunciou sua decisão final sobre o destino do oleoduto proveniente das jazidas siberianas.
— Os líderes russos prometeram escolher um caminho no velho oeste russo e consideram levar o oleoduto até a China, independentemente da rota escolhida, lembrou Wen.
Depois de uma década de negociações, em 2003 os dois países assinaram um acordo limite para construir um oleoduto que ligasse Angarsk a Daqing, no centro industrial do nordeste chinês. No entanto, esse acordo foi frustrado no dia 23 de setembro quando Moscou parou a petrolífera Yukos, que utilizava essa rota e ameaçada de quebra, em favor de outra alternativa proposta pelo Japão, eterno inimigo da China.
A proposta japonesa ligará a cidade russa de Taishet (500 quilômetros ao norte de Angarsk) com o porto pacífico de Nakhodka. Além disso, o Japão prometeu investir 13,5 bilhões de dólares no projeto através da empresa estatal russa Transneft. Wen deixou Moscou com a promessa de que o oleoduto, que abastecerá o Japão e a Coréia do Norte, terá uma ramificação com destino à China, mas não assinou nenhum acordo concreto.
— A Rússia não quer perder um mercado como o chinês, tão enorme e estável para suas vastas reservas energéticas, disse Lu Nanquan, diretor de pesquisas do centro da Rússia da Academia Chinesa de Ciências Sociais, subordinada ao Conselho de Estado.
— Moscou costuma levar em conta os assuntos energéticos em sua política externa e em suas estratégias econômicas, acrescentou.
A China, segundo maior consumidor de petróleo do mundo depois dos Estados Unidos, vive a pior crise energética dos últimos 20 anos, com um aumento de suas importações de 40,7% nos sete primeiros meses de 2004, que atingiram 10,5 milhões de toneladas. A voracidade chinesa representa de 30% a 50% da subida do preço desde junho do petróleo, que alcançou um recorde histórico depois de aumentar 22% e superar os 50 dólares por barril na semana passada.
A situação piorou depois da visita de Wen à Rússia, quando a Yukos anunciou a interrupção do fornecimento à estatal Corporação Nacional de Petróleo da China (CNPC), que estava importando da Rússia, junto com a Sinopec, 7% do petróleo que entrava na China. A interrupção da provisão à CNPC por parte da Yukos, que manterá seu compromisso com a Sinopec de 2,7 milhões de toneladas em 2004, estabelecerá uma economia de um milhão de toneladas até o final do ano.
O atraso do oleoduto está inquietando a China, que se comprometeu a dar sua aprovação a Moscou para seu acesso à OMC mediante a assinatura de um documento durante a próxima visita de Putin e depois que Pequim revise suas medidas antimonopólio contra o aço russo. Desde 1999, o comércio entre Rússia e China cresceu 20% ao ano, até chegar aos 15,76 bilhões de dólares em 2003, 32,1% a mais que no ano anterior, e está previsto que alcance os 20 bilhões em 2004. (Petro21, EFE 04/10)