França prepara viagem científica por afluente do Amazonas
2004-10-05
Uma equipe de cientistas franceses se prepara para atravessar a Amazônia equatoriana e peruana numa viagem de descoberta do Napo, um dos afluentes do Amazonas, na primeira expedição de grande envergadura neste rio, segundo o IRD - Instituto Francês de Pesquisa para o Desenvolvimento. — Seguindo os passos do conquistador espanhol Francisco de Orellana, que em 1541 se aventurou pelo rio Napo para percorrer o Amazonas e chegar ao Atlântico, esta missão permitirá determinar o declive do Napo e colher dados relativos aos fluxos de sedimentos transportados da Cordilheira dos Andes até o Amazonas, disse o hidrólogo Jean-Loup Guyot, encarregado do IRD. O Amazonas é o maior rio do mundo em volume dágua e tem um regime de estações que evolui em função do aporte de seus afluentes.
A viagem
Uma primeira equipe de cientistas partirá de Quito em 15 de outubro e descerá o rio Napo de Francisco de Orellana, ao pé da Cordilheira dos Andes, até a fronteira com o Peru, onde chegará em 23 de outubro. Esta equipe se reunirá com uma segunda, procedente do Peru e que percorrerá uma parte do Amazonas partindo de Iquitos (Peru) e navegará o Napo desde sua desembocadura no maior rio do mundo. Os dois grupos descerão, então, pelo Napo até a confluência com o Amazonas. A chegada a Iquitos, na Amazônia peruana, está prevista para 1º de novembro, após uma viagem de 1.200 km. Hidrólogos, geólogos e geofísicos, acompanhados de um botânico e de um paleontólogo, devem colher amostras de água, sedimentos e rochas, além de medir a quantidade e a qualidade da água que corre pelo rio. Segundo o IRD, o paleontólogo François Pujos, do Instituto Francês de Estudos Andinos, espera com esta missão encontrar restos de antigos vertebrados do Oligoceno-Plioceno, entre 33 milhões e 2 milhões de anos antes da nossa era, o que permitirá a reconstrução da história evolutiva dos vertebrados na América do Sul. (FSP 01/10)