Governo russo aprova ratificação do Protocolo de Kyoto
2004-10-01
O governo da Rússia aprovou nesta quinta-feira o Protocolo de Kyoto sobre mudanças climáticas e enviou o documento para ratificação no Parlamento. Até agora, a Rússia vinha hesitando em aderir ao tratado, que só pode entrar em vigor com a ratificação dos russos. Os países que ratificaram o protocolo até o momento produzem 44,2% dos gases suspeitos de provocarem o efeito estufa. Com a adesão da Rússia, que emite 17,4% dessas dioxinas, ficariam superados os 55% requeridos para que o tratado passe a valer no mundo todo. O Protocolo de Kyoto prevê a redução das emissões de gases do efeito estufa, que muitos cientistas acreditam ser a causa do aquecimento global e de mudanças no clima. O presidente russo, Vladimir Putin, deixou claro anteriormente seu apoio ao compromisso de Kyoto, mas o principal assessor econômico de Putin, Andrei Illarionov, disse que o tratado vai coibir o crescimento da economia. A legislação necessária para a ratificação do tratado deverá passar pelo Parlamento russo sem dificuldades e, teoricamente, o tratado pode entrar em vigor dentro de três meses. Como os Estados Unidos, o país que mais polui no mundo, retirou-se do Protocolo de Kyoto há três anos, o tratado ficou dependente da ratificação russa para existir.
Ganhos políticos
Putin colocou fim à confusão sobre a posição russa em maio, quando manifestou desejo de ver o tratado ratificado. Vários ministérios receberam recomendação no começo deste mês de se preparar para a ratificação. No entanto, alguns economistas influentes do Kremlin colocaram em dúvida o quanto a Rússia pode reduzir suas emissões de gases do efeito estufa num momento em que vive um reflorescimento industrial e estabeleceu uma meta de dobrar seu PIB em uma década. O debate no governo para a aprovacao da ratificacao foi seguido de acaloradas discussões, que dividiram os ministros em partidários e contrários à ratificação do documento, que a Rússia, junto com mais de 180 países, assinou em 1987. — As discussões sobre a argumentação científica do Protocolo de Kioto podem durar tanto quanto o tempo que a ciência existe, disse Victor Khristenko, ministro da Indústria e Energia. Nesta semana, destacados cientistas russos aconselharam contra a ratificação e alegaram que não há evidências que vinculem as emissões de gases do efeito estufa a mudanças climáticas. Já o vice-ministro de Assuntos Exteriores, Yuri Fedotov, destacou que a renúncia da Rússia em ratificar o Protocolo de Kioto poderia acarretar tanto perdas políticas quanto econômicas. Mas o fator decisivo parece não ser o custo do tratado para a economia, mas os benefícios políticos que ele pode trazer. Há rumores de que um apoio mais forte da União Européia à candidatura russa à OMC (Organização Mundial do Comércio) possa ser a resposta à ratificação do tratado pela Rússia. (FSP, EFE, BBC, AFP 30/09)