Pesquisa avaliará contaminacao por metais pesados em peixes na França
2004-10-01
Um estudo, lançado na segunda-feira (27/09), na França, compromete-se a avaliar a relação de risco/benefício do consumo de produtos do mar no país. A idéia é verificar, numa mesma pesquisa, as qualidades nutricionais dos peixes - em especial sua riqueza em ácidos graxos polinsaturados (lipídios considerados saudáveis) - e sua contaminação, advinda da poluição do meio ambiente com metais pesados, como chumbo, mercúrio e cádmio. O estudo está sendo conduzido pela Agência Francesa de Segurança Sanitária dos Alimentos (AFSSA) e pelo Instituto Nacional de Pesquisa Agronômica da França (INRA). A primeira fase da avaliação, que ocorrerá de outubro a dezembro, visa conhecer melhor o consumo alimentar em quatro zonas costeiras da França - Lorient, Toulon, Rochelle, Havre e em comunidades vizinhas, num raio de 20 km. Na segunda fase, serão avaliados os níveis de exposição dessa população aos metais pesados, assim como seu estado nutricional. A última fase, trará dados sobre a composição nutricional e a concentração de diferentes contaminantes ambientais em peixes e outros produtos do mar, como crustáceos e moluscos. Os resultados definitivos estão previstos para junho de 2005.
Alerta para mercúrio
A pesquisa francesa foi alavancada por uma recomendação, dada no início de abril deste ano, por autoridades sanitárias européias e norte-americanas, para que mulheres grávidas ou amamentando diversificassem seu consumo de peixe, não concentrando esse hábito alimentar em poucas espécies como o atum ou o peixe-espada. Esses peixes são considerados predadores do topo da cadeia alimentar, ou seja, espécies que se alimentam de outros peixes, e potencialmente acumulam mais metais pesados e outros poluentes em seu organismo. O alerta foi motivado por um alto teor de mercúrio encontrado em certos peixes na Europa e Estados Unidos. Observou-se, na ocasião, que enquanto as taxas de chumbo e cádmio diminuíam, as de mercúrio aumentavam. O enfoque do alerta em uma parte específica da população deveu-se ao perigo que o mercúrio acumulado nos oceanos, transformado em metilmercúrio, representa para o desenvolvimento de bebês.